Foram recebidas indicações de 765 candidatas, oriundas de todas as regiões do País. A cerimônia de entrega será no dia 11 de fevereiro, em comemoração ao “Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência”
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) anuncia nesta segunda-feira, 20 de janeiro, conforme descrito no Edital da premiação, as vencedoras da 6ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, que nesta edição premia a categoria “Meninas na Ciência”, cujas pesquisas de iniciação científica demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro.
Nesta edição, foram recebidas 765 inscrições válidas, representando um aumento de 71,5% em relação à edição anterior, em 2022. Este salto expressivo reforça o reconhecimento e a importância do prêmio, que busca inspirar e premiar jovens cientistas em início de carreira.
Com 166 inscrições de alunas do Ensino Médio e 599 de estudantes de Graduação, a distribuição das candidaturas abrangeu todo o Brasil: Sudeste (392), Sul (152), Nordeste (115), Centro-Oeste (69) e Norte (37).
Na área de Humanidades a vencedora é Angélica Azevedo e Silva, estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), pelo trabalho “Diagnóstico das dimensões da sustentabilidade urbana no município de Cavalcante-GO e Urbanismo Kalunga: sustentabilidade, ancestralidade e identidade”. Na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra a vencedora é Narayane Ribeiro Medeiros, estudante do curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Tecnológico de Aeronáutica pelo trabalho “Modelagem Preditiva e Visualização Interativa de dados geoespaciais de Emissões de Gases de Efeito Estufa”. Já Beatriz Oliveira Santos, estudante do curso de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, é a vencedora da área de Biológicas e Saúde pelo trabalho “Projeto de Pesquisa: Disputas e Arranjos em Torno da Alimentação no Contexto Prisional”.
No Ensino Médio as vencedoras são Millena Xavier Martins, estudante do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), pelo trabalho “Autinosis: Inteligência Artificial na Triagem do Diagnóstico de Autismo”; Isadora Abreu Leite, estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), pelo projeto “Sementes da Maré: saberes e fazeres de marisqueiras da costa de manguezais de macromaré da Amazônia”; e Ana Elisa Brechane da Silva, estudante da Escola Estadual Prof.ª Maria das Dores Ferreira da Rocha, de Santa Rita d ́Oeste (SP), pelo trabalho “ConnectBreathe: Sistema Biomédico Multiplataforma para Fisioterapia Respiratória com Gameterapia”.
A menção honrosa ficou para Lucia Ferreira da Silva, estudante do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal do Amapá, campus Porto Grande, pelo trabalho “Associativismo e o fortalecimento de lideranças femininas da Associação dos Artesãos de Porto Grande”.
Francilene Garcia, vice-presidente da SBPC e coordenadora da premiação, destacou o número recorde de inscrições, que resultou em uma grande diversidade de iniciativas nas três principais áreas do conhecimento. “Este número recorde refletiu uma rica variedade de propostas nas áreas de Biológicas e Saúde (276), Engenharias e Ciências da Terra (249) e Humanidades (165). Essa diversidade de projetos, muitos deles ligados a temas de pesquisa com desafios contemporâneos, exigiu do júri uma dedicação e atenção extraordinárias durante o processo de avaliação. Cada grande área foi dividida em dois grupos de trabalho, e cada inscrição foi analisada por pelo menos duas juradas. As melhores propostas de cada área foram então avaliadas pelo júri, culminando na escolha das duas finalistas de cada categoria (EM e G). O empenho e a dedicação do júri, ao final, refletem o sentimento de que há jovens em todas as regiões do País, com grande determinação e motivação para seguir o sonho de se tornarem cientistas”, comentou ela que liderou o grupo que avaliou as estudantes das áreas de Engenharias e Ciências da Terra.
“Esta sexta edição, ao reconhecer o trabalho de iniciação científica no ensino médio e na trajetória dos cursos de graduação, oferece mais inspiração e força para que as meninas sigam seus caminhos em direção à carreira científica, contando com o apoio das instituições e das políticas públicas disponíveis no País. Por isso, é com grande satisfação que a SBPC continua a incentivar e a dar visibilidade às iniciativas dessas jovens, que são as futuras Carolinas do nosso país”, ressaltou Garcia.
Fernanda Sobral, diretora da SBPC e membro da Comissão Julgadora, destacou a diversidade e a qualidade dos trabalhos apresentados. “A maioria das candidatas é extremamente competente, o que tornou a escolha das finalistas uma tarefa desafiadora. No entanto, é gratificante ver o que essas jovens têm produzido. O que mais me impressionou este ano foi a diversidade, tanto das participantes quanto dos temas abordados. Elas trabalharam questões contemporâneas como gênero, raça, meio ambiente e Inteligência Artificial”, comentou ela que atuou como coordenadora da equipe que avaliou as alunas de Humanidades.
Mirlene Simões, secretária regional da SBPC-SP Subárea III e membro da Comissão Julgadora da equipe de Humanidades, também ressaltou o nível e a pluralidade dos trabalhos apresentados. “As candidatas estão muito preparadas, e seus projetos abrangeram uma variedade de temas espalhados por todo o Brasil, refletindo questões atuais da sociedade, como mudanças climáticas, desigualdade de gênero e mercado de trabalho”, afirmou. Ela também destacou a complexidade do processo de avaliação. “Foi um trabalho árduo, pois cada candidata trouxe referências riquíssimas e projetos profundos. A diferença entre as finalistas foi muito pequena, com décimos de diferença, dada a qualidade e profundidade das propostas, que oferecem soluções inovadoras para os problemas atuais da sociedade.”
Laila Salmen Espindola, diretora da SBPC e coordenadora do grupo avaliador na área de Biológicas e Saúde, também enfatizou o desafio de avaliar os trabalhos devido à sua alta qualidade. “Recebemos trabalhos de excelência, muitos deles inovadores e de grande interesse, tanto das graduandas quanto das estudantes do ensino médio. A qualidade foi impressionante, com muitos trabalhos científicos e tecnológicos de alto nível. Na área da Saúde, destacaram-se as preocupações com a inclusão de pessoas, diversidade de gênero e raça, além de questões sociais alinhadas com a pauta da SBPC, como a situação de pessoas vulneráveis e encarceradas. A discussão sobre as disparidades no tratamento de pacientes nos hospitais, dependendo da raça, também foi um ponto importante, assim como a inclusão social. Foi inspirador ver que muitas candidatas abordaram essas questões”, afirmou.
Rute Maria Gonçalves de Andrade, secretária regional da SBPC no Piauí e membro da comissão julgadora na área de Saúde, também destacou o engajamento das estudantes. “A avaliação dos projetos mostrou como as graduandas e as alunas do ensino médio estão envolvidas com temas atuais, de relevância para a sociedade e de caráter multifatorial. Isso gerou propostas que integraram diferentes áreas do conhecimento, como a combinação de ciências da saúde com ciências humanas”, comentou.
Para Andrade, outro ponto positivo foi a integração de diferentes setores e áreas nas pesquisas. “É fundamental destacar a interseccionalidade presente em alguns projetos, o que é crucial para a formação das futuras pesquisadoras”, concluiu.
Compuseram ainda a Comissão Julgadora, além das citadas Camila Macêdo Medeiros, professora Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB0 – campus Campina Grande; Carolina Prando, representante do Complexo Pequeno Príncipe; Celina Miraglia Herreira de Figueiredo, representante da Academia Brasileira de Ciências; Cristina Caldas, representante do Instituto Serrapilheira; e Nilviane Pires Silva; da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), na área de Engenharias e Ciências da Terra. Na área de Humanidades foram Marilene Corrêa da Silva Freitas, diretora da SBPC; Vânia Beatriz Vasconcelos de Oliveira, da Embrapa Amapá; Maria Elisa Máximo, secretária regional da SBPC em Santa Catarina; e Ana Paula Morales, representante da Fundação Conrado Wessel. Na área de Biológicas e Saúde, completaram o grupo Josineide da Costa Paixão, professora titular da Secretaria Estadual de Educação do Pará-SEDUC/PA; Lucymara Fassarela, secretária regional da SBPC no Rio Grande do Norte; Patrícia Barbosa Pelegrini, do Ministério da Saúde, e Heidi Luise Schulte, da Universidade de Brasília.
Premiação
Nesta 6ª edição de Prêmio, as estudantes premiadas do Ensino Médio receberão R$ 7 mil cada, enquanto as vencedoras de Graduação serão agraciadas com R$ 10 mil cada uma, graças ao apoio de instituições renomadas como a Fundação Conrado Wessel, o Instituto Serrapilheira, a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e o Complexo Pequeno Príncipe. Quanto a menção honrosa irá receber um certificado e um troféu.
Além da premiação em dinheiro, as seis vencedoras terão acesso a uma série de oportunidades para impulsionar suas carreiras científicas. Elas apresentarão seus projetos na 77ª Reunião Anual da SBPC, que ocorrerá em julho de 2025, em Recife (PE), e participarão de uma mentoria exclusiva com pesquisadores de destaque, ampliando suas perspectivas acadêmicas e profissionais. As premiadas também farão uma visita ao CNPEM, em Campinas, onde está localizado o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a única fonte de luz síncrotron da América Latina.
A cerimônia de premiação acontecerá no dia 11 de fevereiro, no Salão Nobre do Centro MariAntonia da USP (Rua Maria Antonia, 294 – 3º andar – São Paulo/SP), durante a comemoração do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco, com transmissão ao vivo pelo Canal da SBPC no YouTube.
Homenagem às cientistas brasileiras
Criado em 2019, o Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” é uma homenagem da SBPC às cientistas brasileiras destacadas e às futuras cientistas brasileiras de notório talento, que leva o nome de sua primeira presidente mulher, Carolina Martuscelli Bori. A SBPC – que já teve três mulheres presidentes e hoje a maioria da diretoria é feminina – criou essa premiação por acreditar que homenagear as cientistas brasileiras e incentivar as meninas a se interessarem por este universo é uma ação marcante de sua trajetória histórica, na qual tantas mulheres foram protagonistas do trabalho e de anos de lutas e sucesso da maior sociedade científica do País e da América do Sul.
Confira abaixo a lista das premiadas da 6ª Edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” – Meninas na Ciência:
Categoria ENSINO MÉDIO:
Engenharias, Exatas e Ciências da Terra – Millena Xavier Martins (MG)
Humanidades – Isadora Abreu Leite (MA)
Biológicas e Saúde – Ana Elisa Brechane da Silva (SP)
Categoria GRADUAÇÃO:
Engenharias, Exatas e Ciências da Terra – Narayane Ribeiro Medeiros (SP)
Humanidades – Angélica Azevedo e Silva (DF)
Biológicas e Saúde – Beatriz Oliveira Santos (SP)
MENÇÃO HONROSA: Lucia Ferreira da Silva (AP)
FINALISTAS
Categoria ENSINO MÉDIO:
Engenharias, Exatas e Ciências da Terra
Isabelli Cristina da Silveira Maia (PR)
Jeniffer Bien Aime (AM)
Humanidades
Mariana Sanchonete Machado (RS)
Jessica Lopes Liborio de Lima (BA)
Biológicas e Saúde
Camila Feitosa Cláudio (PI)
Ada Jamile Gomes de Oliveira (AM)
Categoria GRADUAÇÃO:
Engenharias, Exatas e Ciências da Terra
Camila Victória da Silva Brazil (PE)
Raqueline Shirlen da Silva Bezerra (AP)
Humanidades
Beatriz Segur (USP)
Biológicas e Saúde
Janaina Alvez da Hora (SP)
Victória Araújo Prado (BA)
Sarah de Oliveira Rodrigues (MG)
Jornal da Ciência