Primeira mulher negra engenheira do Brasi desafiou preconceitos, conquistou espaços e deixou um legado para a ciência, o feminismo e a educação.
No dia 13 de janeiro de 1913, nascia em Curitiba uma mulher que viria a desafiar padrões sociais e acadêmicos de sua época: Enedina Alves Marques. Em um Brasil profundamente marcado pelo racismo, pelas desigualdades de gênero e pela exclusão social, Enedina Marques não apenas venceu essas barreiras como deixou um legado transformador. Formada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945, ela foi a primeira mulher engenheira do Paraná e a primeira mulher negra engenheira do Brasil.
Os desafios de uma mulher negra na engenharia
Filha de um lavrador e de uma empregada doméstica, Enedina Marques precisou conciliar trabalho e estudos desde a juventude, frequentando aulas noturnas enquanto sustentava a própria educação. Persistência era sua marca registrada. Durante a faculdade, enfrentou preconceito de colegas e professores, chegando a ser reprovada injustamente. Um episódio emblemático envolveu um professor que insistiu em dar-lhe uma nota baixa, apenas para ela provar que sua resposta estava embasada no livro escrito pelo próprio docente.
Apesar das dificuldades, Enedina Marques graduou-se aos 32 anos, desbravando um curso dominado por homens brancos e marcando a história como símbolo de resistência e competência.

Figura 1. Enedina Alves, à esquerda
(Fonte: Arquivo Público Municipal Maria da Glória Foohs. Reprodução)
Contribuições para a Ciência e a Engenharia
A carreira de Enedina Marques foi marcada por trabalhos de grande impacto no Paraná. Um de seus maiores feitos foi a participação na construção da Usina Capivari-Cachoeira, a maior central hidrelétrica subterrânea do sul do Brasil, localizada em Antonina. Ela também contribuiu para projetos como o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba.
“Enedina foi a primeira mulher engenheira do Paraná e a primeira mulher negra engenheira do Brasil.”
No serviço público, Enedina Marques destacou-se como chefe de hidráulica e da divisão de estatística da Secretaria de Educação e Cultura do Paraná e como integrante do Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica, onde atuou no Plano Hidrelétrico do estado.
Inspiração para gerações
A luta de Enedina Marques contra o preconceito racial e de gênero, além de sua determinação em conquistar espaços que lhe eram negados, faz dela uma referência nacional e internacional. Sua biografia foi tema de pesquisas acadêmicas e até de um livro infantil, escrito pela professora Lindamir Salete Casagrande, que busca levar às novas gerações o exemplo dessa pioneira.
“A luta de Enedina Marques contra o preconceito racial e de gênero faz dela uma referência nacional e internacional.”
Na própria família, Enedina Marques foi uma inspiração. Sua sobrinha Lizete Marques seguiu seus passos ao investir na educação, tornando-se professora de Educação Física.
O legado que vive
Aos 110 anos de seu nascimento, Enedina Alves Marques continua a inspirar mulheres negras a entrarem em áreas ligadas à tecnologia e à ciência. Como destacou a UFPR, sua coragem para romper barreiras e sua dedicação aos estudos permanecem como características exemplares para qualquer geração.
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