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Enrico Fermi no Brasil: A viagem do Nobel que conectou ciência e inovação

O pioneirismo do físico italiano e seu impacto indireto na formação da ciência brasileira

 

Em 1934, o renomado físico Enrico Fermi (1901-1954), já consagrado por contribuições revolucionárias à física teórica e experimental, embarcou em uma viagem ao hemisfério sul. Essa jornada o trouxe ao Brasil, onde, entre palestras e encontros com intelectuais, deixou um legado que ecoa até hoje na ciência brasileira. Ainda que os detalhes da visita permaneçam pouco conhecidos, uma reconstrução histórica baseada em jornais e memórias da época permite entrever o impacto dessa passagem.

Uma visita estratégica ao Brasil

No calor do verão europeu, Fermi e sua esposa Laura decidiram aventurar-se pela América do Sul, em uma agenda patrocinada pelo governo italiano. Com o objetivo de fomentar laços acadêmicos e culturais, Fermi visitou a Argentina, o Uruguai e, por fim, o Brasil. Aqui, passou pelo Rio de Janeiro e São Paulo, onde ministrou conferências para plateias entusiastas.

 

“A passagem de Fermi pelo Brasil foi marcada por eventos históricos.”

 

Essas palestras, proferidas em italiano, eram um convite ao fascínio pelas novas fronteiras da física. Entre os temas, destacavam-se a teoria do decaimento beta e a previsão do elemento químico de número atômico 93, posteriormente batizado de neptúnio.

 

Um convite recusado, um legado indireto

Antes de sua visita, Fermi recebeu um convite ambicioso do matemático Theodoro Augusto Ramos, que buscava atrair cientistas de renome para a recém-criada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) de São Paulo, núcleo da futura USP. Apesar de recusar a oferta, Fermi recomendou Gleb Wataghin, um jovem físico ucraniano, que se tornaria peça-chave na formação da física teórica e experimental no Brasil.


Figura 1: O físico experimental e teórico Enrico Fermi
(Foto: Department of Energy-Office of Public Affairs – Dominio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=156854)

 

Wataghin trouxe consigo uma abordagem pioneira para o ensino e pesquisa, formando nomes como César Lattes e Oscar Sala, que seriam fundamentais para o desenvolvimento da física no país.

 

Conexões e curiosidades

A passagem de Fermi pelo Brasil foi marcada por eventos históricos. Ele chegou ao país a bordo do navio Neptunia, que desembarcou no Rio de Janeiro em julho de 1934. Curiosamente, o nome do navio inspira a denominação do elemento químico 93, o neptúnio, cuja existência Fermi previu.

Durante sua estadia, o Instituto Ítalo-Brasileiro de Alta Cultura organizou eventos para aproximar intelectuais brasileiros e italianos. Essa conexão refletia a estratégia do governo italiano de Mussolini de consolidar laços culturais e científicos com a América do Sul.

 

“Fermi encontrou-se com cientistas locais e influenciou indiretamente o futuro da pesquisa no país.”

 

Embora sua visita ao Brasil tenha sido breve, Fermi encontrou-se com cientistas locais e influenciou indiretamente o futuro da pesquisa no país. O episódio em que Wataghin apresentou o trabalho de Mario Schenberg a Paul Dirac, e que culminou no convite de Schenberg para Cambridge, é um dos exemplos do impacto indireto de Fermi na ciência brasileira.

 

Capa. Enrico Fermi no Brasil
(Foto: Reprodução)
Blog Ciencia e Cultura

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