Um teto de vidro impedindo a ascensão a posições de poder ou cargos mais altos. É assim que milhares de mulheres ao redor do mundo se sentem quando são impedidas de avançar em suas carreiras simplesmente porque são mulheres. E isso não é diferente na ciência: apesar da representatividade feminina estar aumentando cada vez mais, ainda persistem estereótipos de gênero e barreiras discriminatórias.
Isso é o que aponta o estudo recentemente publicado na revista Science Advances, com base nos resultados do International Student Assessment (PISA) de 2018, que envolveu 500.000 estudantes de 72 países ao redor do mundo. O PISA é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o estudo, mesmo em regiões onde há grande avanço nas políticas de gênero, persistem estereótipos que retratam os homens como mais brilhantes e talentosos do que as mulheres, levando meninos e meninas a desenvolverem determinadas atitudes e preferências. A pesquisa ainda revela que os estereótipos são mais fortes entre estudantes de alto desempenho e em países mais desenvolvidos ou com igualdade de gênero.
Estereótipos na ciência
Embora na América Latina e no Caribe as mulheres representem 45% de todos os pesquisadores, elas continuam sendo minoria nas disciplinas acadêmicas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Além disso, as posições hierárquicas são majoritariamente ocupadas por homens e isso se deve em parte ao tipo de evolução dos sistemas científicos e tecnológicos de cada país.
Além disso, várias pesquisas indicam que as mulheres muitas vezes sentem que “não pertencem” às ciências, o que pode encorajá-las a migrar para outras áreas. Segundo dados da ONU, as mulheres geralmente recebem bolsas de pesquisa menores do que seus colegas homens e, embora representem 33,3% de todos os pesquisadores no mundo, apenas 12% dos membros das academias nacionais de ciências são mulheres.
O estudo concluiu que esses estereótipos devem ser considerados como uma possível explicação para o teto de vidro e que para banir o mito do “brilho masculino” é preciso transmitir a ideia de que o talento se constrói por meio do aprendizado e que ele não é inato ou imutável.
Acesse ao estudo na revista Science Advances