Talvez Vespúcio tenha sido o verdadeiro descobridor do rio Amazonas em 1499, mas trabalhava então para a Espanha. Para alguns autores,[1] em fevereiro de 1500 Pinzón teria descoberto a foz do rio Amazonas e sido o seu primeiro explorador, denominando Santa Maria de la Mar Dulce o rio, pensando tratar-se do rio Ganges. De fato, Pinzón partindo de Cádis em 1499, em nome dos reis de Castela, navegou até Cabo Verde, tendo sido arrastado por mau tempo para a costa do Brasil em 26 de janeiro de 1500, antes de Cabral. Percorrendo junto à costa setentrional do Brasil, pôde ter descoberto os rios Amazonas e Orinoco.
Em 1501 o mundo amazônico teria sido concedido para exploração a Pinzón, quando foi condecorado por Fernando II de Aragão por este ter achado que Pinzón tinha descoberto o Brasil. Mas Pinzón, que não sentiu atração por essas terras, nem tomou posse. Era mais fácil obter riquezas de metais preciosos do Peru ou da Nova Granada (Colômbia e Equador).
Até meados do século 16 a ocupação no vale do Amazonas pelos espanhois não se afastou muito de Quito e das proximidades dos rios Napo (tributário do Amazonas que nasce no Equador e atravessa o Peru) e Javari (fronteira atual do estado do Amazonas com o Peru). Os próprios contrafortes andinos constituíam um obstáculo para a penetração dos espanhois na bacia do Amazonas. Além disso, como foi dito, os espanhois já estavam felizes e ocupados em explorar os metais preciosos nas altitudes andinas, não lhes interessando abrir caminhos para facilitar a vida dos invasores estrangeiros.
Não obstante, a primeira exploração da Amazônia foi encetada entre 1541 e 1542 pelo explorador colonial espanhol Francisco de Orellana (1511-1546), a partir das cabeceiras do Amazonas, não a partir da foz. Ele teria realizado a primeira navegação completa desse rio, de 6 mil km, da nascente à foz. Essa viagem foi relatada pelo frei dominicano espanhol Gastar de Carbajal (1504-1584) que fez parte da expedição. Disse ele que o grande inimigo da expedição foi a fome, obrigando-os a comer até os sapatos. Ele descreveu as índias guerreiras e chamou-as amazonas. O rio que se chamava Marañon passou a ser conhecido como Amazonas. Com esse feito, Orellana obteve do rei espanhol em 1544 o título de governador e capitão geral das terras que descobrisse. Em 1546 tentou conquistar a Amazônia entrando pelo delta do rio, mas perdeu-se e morreu nas mãos dos indígenas.
Após a tentativa malograda de Orellana, e também de Pizarro, não o sanguinário Francisco, mas seu meio-irmão Gonçalo, várias outras concessões da Amazônia foram feitas na segunda metade do século 16 por Carlos V e pelos três reis filipinos, mas, ninguém quis.
A penetração dos portugueses ao interior da Amazônia começou obviamente pela foz do rio. Em seguida eles ocuparam as duas margens do rio.
Apesar de os espanhóis reivindicarem a primazia da viagem de Orellana ao longo do Amazonas, coube a Pedro Teixeira realizar a primeira viagem oficial, subindo o rio do estuário até quase às nascentes e, depois, descendo, reconhecendo os deltas de todos os seus grandes afluentes, levantando assim dados para a primeira carta mais correta do curso do grande rio.
Notas
[1] Souza-Cruz, Tte.-Cel. João José de, A definição das fronteiras terrestres do Brasil com países vizinhos, durante o século XVIII – 1ª Parte, Revista Militar, Nº 2590, Novembro de 2017.
https://www.revistamilitar.pt/artigo/1280