Região perde cerca de 50 a 200 milhões de toneladas de carbono por ano devido à degradação
Queimadas, extração seletiva de madeira, secas extremas. Muito mais do que o desmatamento, outros eventos são uma ameaça constante à floresta amazônica. Mais de um terço da vegetação nativa da Amazônia que ainda não foi desmatada – cerca de 2,5 milhões de quilômetros quadrados – está sofrendo algum tipo de degradação, revela um novo estudo publicado na revista Science.
A área degradada do bioma (38%) é maior que a área desmatada (17%). Somados, os dois índices indicam que mais da metade da floresta já foi destruída e perturbada. Os pesquisadores alertam ser equivocado pensar que a degradação causa danos insignificantes em comparação com o desmatamento. Segundo o estudo, as estimativas de emissões de CO2 e gases de efeito estufa decorrentes da perda gradual da vegetação estão entre 50 e 200 milhões de toneladas por ano, nível comparável à perda de carbono pelo desmatamento.
O estudo aponta que a taxa de acúmulo de carbono pela floresta diminuiu cerca de 30% nos últimos 30 anos. Se esse padrão se mantiver, em cerca de 15 anos a Amazônia emitirá muito mais CO2 do que conseguirá absorver, alertam os autores.
O trabalho também destaca que a degradação ameaça a biodiversidade e causa impactos socioeconômicos nas comunidades locais, como a ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos, como secas prolongadas precedidas de enchentes recordes ocorridas em 2022 na Amazônia brasileira.
Os pesquisadores concordam em recomendar o desenvolvimento de um sistema de monitoramento de distúrbios florestais – usando imagens de satélite combinadas com varredura a laser de superfície – e um modelo de “floresta inteligente”, com a instalação de dispositivos na floresta para monitorar a degradação, especialmente a extração seletiva.
Com informações de SciDev.Net