Construir conhecimento sobre as mudanças na fauna latino-americana é um desafio crescente
A monitorização de espécies em áreas tropicais enfrenta uma série de desafios, conforme destacado em um recente artigo publicado na revista Scientific Reports. Pesquisadores têm enfrentado dificuldades significativas ao trabalhar em regiões afetadas por problemas econômicos, crises sociais ou conflitos militares. A falta de dados tem sido um obstáculo importante para otimizar as iniciativas de proteção da vida selvagem, ressaltando a necessidade urgente de abordagens inovadoras.
O estudo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada no Parque Nacional Canaima, na Venezuela, Patrimônio da Humanidade há três décadas. Iniciado em 2015, o projeto visava avaliar a resposta dos animais aos distúrbios causados por incêndios, queimadas de pastagens e outras atividades humanas na região da Gran Sabana, caracterizada por sua rica biodiversidade.
Apesar dos desafios, os pesquisadores conseguiram identificar 29 espécies, incluindo felinos como leopardo-tigre e margay, roedores como paca e cutia, além de cachorro-do-mato e queixada. No entanto, o trabalho foi interrompido em 2016 devido à promoção pelo governo venezuelano do Arco Mineiro do Orinoco, um projeto que ocupou 12% do território nacional.
Diante desse panorama marcado pela proliferação de atividades ilegais e conflitos, os pesquisadores tiveram que suspender as visitas ao terreno. No entanto, adotaram uma abordagem inovadora, combinando observações diretas com o registro de vídeo para continuar a coleta de dados, o que resultou em melhorias significativas no modelo de monitorização.
Os resultados revelaram que a maioria das espécies prefere ecossistemas florestais, destacando a ameaça representada pelo desmatamento à sua sobrevivência. Por outro lado, predadores como o puma foram atraídos por locais recentemente desmatados, indicando uma adaptação a paisagens modificadas pelo homem.
Além das descobertas específicas, o estudo ressalta a necessidade de compromissos nacionais e internacionais de longo prazo para garantir a sustentabilidade dos projetos de conservação. Iniciativas como o monitoramento comunitário e o turismo de natureza emergem como alternativas econômicas viáveis, contribuindo para a preservação da vida selvagem e o manejo sustentável dos territórios.
Com informações de SciDev.Net