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Metade dos ecossistemas de água doce no mundo está degradada

Com rios encolhendo, poluição crescente e falta de dados críticos, a ONU destaca a urgência de ações para salvar os ecossistemas de água doce e evitar uma crise global de recursos hídricos até 2030

 

Um novo relatório da ONU revela uma crise crescente na gestão dos ecossistemas de água doce ao redor do mundo. A ONU-Água e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apontam que, em metade dos países do mundo, pelo menos um tipo de ecossistema de água doce, como rios, lagos e aquíferos, está em estado de degradação severa.

O relatório destaca que o fluxo de rios diminuiu significativamente em 402 bacias hidrográficas, com muitos cursos de água superficiais encolhendo ou desaparecendo completamente. Em paralelo, a poluição da água está aumentando, enquanto a gestão dos recursos hídricos continua inadequada.

A situação é especialmente crítica em cerca de 90 países, predominantemente na África, Ásia Central e Sudeste Asiático, onde os ecossistemas de água doce enfrentam uma degradação acelerada. O estudo atribui essa deterioração a uma combinação de poluição, construção de barragens, conversão de terras, extração excessiva de recursos e os impactos crescentes das mudanças climáticas.

Entre as preocupações mais urgentes está a perda de manguezais, fundamentais para a proteção de comunidades costeiras, recursos de água doce e biodiversidade. Atividades humanas, como aquicultura e agricultura, têm levado à destruição desses ecossistemas, particularmente no Sudeste Asiático, onde embora a taxa de desmatamento tenha se estabilizado, a degradação continua.

 

Declínio na qualidade 

O relatório também evidencia que a qualidade da água doce vem se deteriorando globalmente desde 2017, agravada pela falta de dados precisos. Atualmente, a metade mais pobre do mundo contribui com menos de 3% dos dados globais de qualidade da água. Essa lacuna de informações é especialmente preocupante, já que até 2030, mais da metade da população mundial viverá em países sem dados adequados para a gestão da água.

A ONU sugere que a ampliação dos programas de monitoramento financiados pelo governo, juntamente com a incorporação da ciência cidadã e o uso de tecnologias de satélite, pode ajudar a fechar essa lacuna crucial.

 

Desafios 

A gestão sustentável da água, essencial para equilibrar as necessidades de uso pela sociedade e pela economia, está longe de ser alcançada. Embora 47 países já estejam próximos de implementar a gestão integrada dos recursos hídricos (IWRM), outros 73 enfrentam grandes limitações. No ritmo atual, a gestão sustentável da água só será alcançada em 2049, deixando bilhões de pessoas expostas a estruturas de governança ineficazes até 2030.

As soluções apontadas pelos especialistas incluem o desbloqueio de financiamentos, investimentos em infraestrutura, ação coordenada e fortalecimento das capacidades institucionais. A urgência da crise exige medidas imediatas para garantir que as futuras gerações tenham acesso a recursos hídricos seguros e sustentáveis.

Com informações de ONU News

 

Capa. Agência Brasil/ Arquivo
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