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A viagem de Charles Darwin pelo Brasil

Entre maravilhas tropicais e críticas à escravidão, a passagem do naturalista pelo país foi um marco na ciência e na história

 

“A viagem do Beagle foi, de longe, o acontecimento mais importante na minha vida”. Assim escreveu Charles Darwin, anos depois, relembrando a jornada de quase cinco anos que mudou para sempre os rumos da ciência. Quando o HMS Beagle atracou em Salvador, em 28 de fevereiro de 1832, Darwin era um jovem de 23 anos, ansioso para explorar o desconhecido. A natureza tropical brasileira o deslumbrava. Logo em seu diário, registrou: “Delícia é termo insuficiente para dar conta das emoções sentidas por um naturalista na floresta brasileira”.

Darwin encontrou no Brasil uma biodiversidade única, especialmente na Mata Atlântica, descrita como “luxuriante”. Ele coletou amostras de plantas, animais e minerais, enviando-as a Cambridge, onde especialistas analisaram seus achados. Essas contribuições o alçaram à fama científica antes mesmo de retornar à Inglaterra.

 

Entre encantos naturais e realidades amargas

Se as paisagens brasileiras encantaram o jovem naturalista, a realidade social o indignou. Darwin, cuja família era ativa na luta contra a escravidão, ficou chocado com o sistema escravocrata no país. Em Salvador e Rio de Janeiro, ele testemunhou cenas que marcaram suas anotações, como a resistência de escravizados e a brutalidade dos senhores.

Figura 1. Enseada de Botafogo, Rio de Janeiro, por Conrad Martens
(Fonte: Reprodução do livro “Aventuras e descobertas de Darwin a Bordo do Beagle, Jorge Zahar, 2004)

 

Outro ponto de frustração foi a burocracia brasileira. Darwin reclamou do tempo gasto com autorizações para explorar o interior do Rio de Janeiro. A irritação ficou clara em seus escritos, onde chegou a criticar a administração local e os costumes de pousadeiros nas viagens pelo interior.

 

A tragédia e a sorte em terras brasileiras

Em maio de 1832, Darwin escapou da morte ao recusar participar de uma caçada no Rio Macacu, onde três marinheiros sucumbiram a uma febre fulminante. Durante sua estadia no Rio de Janeiro, residiu em Botafogo, aos pés do Corcovado, e realizou expedições pela região.

 

“O Brasil não foi apenas um cenário de aventuras para Darwin, mas também uma fonte crucial para o desenvolvimento da Teoria da Evolução.”

 

Curiosamente, ele também experimentou aspectos mais leves da cultura brasileira, embora nem sempre com entusiasmo. Durante o Carnaval em Salvador, foi alvo de “limões de cheiro” — bolas de cera com água — e ficou impressionado, mas pouco animado, com as brincadeiras da festa popular.

 

A influência brasileira na teoria da evolução

O Brasil não foi apenas um cenário de aventuras para Darwin, mas também uma fonte crucial para o desenvolvimento da Teoria da Evolução. A diversidade de espécies observadas e a grandiosidade dos ecossistemas tropicais foram inspirações que, anos depois, culminaram na publicação de “A Origem das Espécies”. Especialistas concordam que a experiência brasileira foi fundamental para suas reflexões sobre a seleção natural.

 

“Apesar das críticas e dificuldades, a passagem pelo Brasil foi um momento decisivo em sua vida e carreira.”

 

Em sua última passagem pelo Brasil, em 1836, Darwin já estava cansado e desiludido com o sistema escravocrata. Deixou o país agradecendo por nunca mais ter que retornar a um lugar onde a escravidão imperava.

 

A viagem do Beagle: um legado científico

As descobertas de Darwin no Brasil estão imortalizadas em seus livros “Viagem de Um Naturalista ao Redor do Mundo” e “A Origem das Espécies”. Suas anotações sobre fauna, flora e sociedade brasileira revelam a riqueza de um país que foi palco de um dos capítulos mais significativos de sua jornada. Apesar das críticas e dificuldades, a passagem pelo Brasil foi, como o próprio Darwin admitiu, um momento decisivo em sua vida e carreira.

 

 

Roteiro de Charles Darwin a bordo do navio HMS Beagle:

Partida: 27/12/1831, do porto de Plymouth, Inglaterra

Local 1: Arquipélago de São Pedro e São Paulo (PE), no Oceano Atlântico

Período: 15/02/1832

Local 2: Arquipélago de Fernando de Noronha (PE)

Período: De 19/02 a 21/02/1832

Local 3: Salvador (BA)

Período: 28/02 a 18/03/1832

Local 4: Rio de Janeiro

Período: 04/04 a 05/07/1832

Volta ao globo. Última parada antes do retorno à Inglaterra: Salvador (BA) e Recife (PE)

Período: Agosto de 1836

Chegada: (Falmouth, Inglaterra) em 02/10/1836, após quase cinco anos de viagem.

 

Capa. O naturalista Charles Darwin
(Fonte: Domínio Público via Wikimedia Commons)
Blog Ciencia e Cultura

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1 comment
  1. Ah……que legal. Depois poderíamos também, sabe fazer, o quê? Falar sobre a passagem também de o Albert Einstein. Disseram que ele foi até ao Ceará terra de Castelo Branco. E outra: disseram também que as experiências dramáticas que teria sofrido foi por estas terras de cá. Já visitei algumas bibliotecas, mas o que acho é somente autores tirando um barato das coisas e tratando a história como simples Epopéia. Vamos nos falando. Abçs. Depois vou publicar minha Monografia: “Do Ethos ao Pathos”, onde falei do Darwin. Só não vão encher o saco de Zeca Pagodinho, pois foi por alí onde ele toma cerveja com a turma do pagode que há um sítio arqueológico, onde viram Darwin fotogrando um macaco macaco gigante talvez nossa origem fóssil, alí em (Como é o nome daquela cidade onde mora o Zeca? Não, minha filha, no morro onde morava o Bezerra, era onde vivia Machado) Que saco!!! Abaixa esa música ou tição. QUE merda! Só fica ouvindo “Deixa a vida me levar…!!! VAI BUSCAR DALILA, VAI BUSCAR DALILA, BEBÊ. FUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1

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