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Poesia, literatura e física quântica

Como a física quântica inspira a literatura e amplia a imaginação científica

 

Buscar relações entre física e arte pode parecer, à primeira vista, um exercício improvável. Afinal, a física costuma ser associada à racionalidade, à precisão e ao rigor descritivo, enquanto a arte se conecta com a intuição, a liberdade criativa e a subjetividade. Mas essa aparente distância esconde uma profunda afinidade: tanto a física quanto a literatura buscam compreender e expressar o mundo, embora por vias distintas.

Quem fala sobre essa conexão é Marco Lucchesi, presidente da Biblioteca Nacional, professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, poeta, escritor, tradutor, historiador e imortal da Academia Brasileira de Letras, em podcast especial da Ciência & Cultura. “Não podemos pensar que seja inelutável esse caminho de conexão, ou seja, ciência ou literatura, filosofia ou física quântica. Senão, vamos departamentalizar de forma radical o conhecimento, burocratizá-lo, e nisso saímos todos perdendo. Na melhor das hipóteses, sairemos todos tristes e melancólicos, porque não teremos mais a aventura do inesperado, que é o que determina a física quântica”, explica Marco Lucchesi.

A física quântica, com seus conceitos desafiadores e paradoxais — como o emaranhamento, a não localidade e o princípio da incerteza —, há muito tempo inspira escritores e poetas a expandirem os limites da metáfora e da linguagem. A ideia de que uma partícula pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, ou de que a simples observação altera a realidade, oferece imagens poderosas para explorar a multiplicidade da experiência humana, a subjetividade e a instabilidade do real. Poetas e autores recorrem à linguagem quântica como metáfora para sentimentos ambíguos, memórias fragmentadas e identidades fluidas.

Por outro lado, a metáfora literária desempenha um papel fundamental na popularização da ciência. Conceitos abstratos da física quântica ganham forma e compreensão mais acessível quando traduzidos em imagens poéticas ou narrativas ficcionais, aproximando o público leigo de uma das áreas mais complexas e fascinantes da ciência. A literatura, assim, não apenas se inspira na física quântica, mas também colabora para torná-la parte do imaginário coletivo.

Em 2025, o mundo celebra o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica (AIQ), proclamado pela ONU, em reconhecimento aos 100 anos do nascimento da mecânica quântica. Esta celebração global visa ampliar a conscientização pública sobre o impacto das ciências quânticas, desde as formulações teóricas de Heisenberg e Schrödinger até as tecnologias disruptivas da atualidade, como a computação quântica e os sistemas de comunicação ultrasseguros.

“Precisamos olhar que a ciência é parte da cultura, ela não é ciência contra a cultura e vice-versa, ela é a mesma coisa, ela é da cultura humana, da afirmação do humano, da beleza fulgurante daquilo que a gente consegue alcançar, quer num poema”, afirma Marco Lucchesi.

Ouça o episódio completo!

Blog Ciencia e Cultura

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