Menos de um terço dos resultados científicos são reproduzíveis. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade de Cambridge e publicado recentemente na revista Royal Society Interface.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram mais de 12.000 trabalhos de pesquisa sobre a biologia das células do câncer de mama. Depois, reduziram o conjunto para 74 artigos de alto interesse científico. Utilizando uma combinação de análise de texto automatizada e o “robô cientista” Eve para semi-automatizar o processo, o grupo considerou reproduzíveis apenas 22 artigos — ou seja, menos de um terço.
O robô cientista Eve é um sistema computador/robótico que usa técnicas de inteligência artificial (IA) para realizar experimentos científicos. O experimento combinou IA e robótica para ajudar a lidar com a crise de reprodutibilidade, fazendo com que Eve tentasse reproduzir os experimentos. Para o estudo atual, a equipe se concentrou na pesquisa do câncer. Segundo os autores, a área possui uma vasta literatura, mas “ninguém faz a mesma coisa duas vezes”, o que torna a reprodutibilidade um grande problema.
O problema da falta de reprodutibilidade é uma das maiores crises da ciência moderna. Isso porque, para ser considerado bem-sucedido, um experimento deve alcançar o mesmo resultado quando é reproduzido por outro cientista em um laboratório diferente sob condições semelhantes. Porém, o estudo apontou que mais de 70% dos pesquisadores tentaram e falharam em reproduzir experimentos de outro cientista, e mais da metade não conseguiu reproduzir alguns de seus próprios experimentos. Isto é conhecido como crise de reprodutibilidade.
O trabalho mostra que técnicas automatizadas e semi-automatizadas podem ser uma ferramenta importante para ajudar a enfrentar a crise de reprodutibilidade, e que a reprodutibilidade deve se tornar um padrão do processo científico.