Espécies invasoras estão afetando a biodiversidade marinha no Brasil, na Colômbia e na Venezuela
Na Ilha Grande, no Sudeste do Brasil, um coral mole reduziu pela metade a quantidade de algas em nove anos. Sua expansão ameaça a estrutura e o funcionamento de recifes rochosos e a biodiversidade marinha. A invasão da espécie Latissimia ningalooensis tem causado efeitos negativos drásticos no fundo do mar da região, segundo estudo publicado na revista Marine Pollution Bulletin.
Nesses ecossistemas coexistem comunidades bênticas, como é conhecido o conjunto de organismos que habitam os fundos marinhos. Nelas é comum encontrar uma predominância de microalgas que crescem no solo, porém, há também a presença de esponjas, corais e algas maiores. Sua importância se deve ao fato de servirem de refúgio para diversas espécies, além de servirem de alimento para alguns peixes de importância comercial.
No entanto, essa não é a única área afetada, já que vários estudos verificaram a presença de outras espécies invasoras de octocorais, família à qual pertence o L. ningalooensis, que também estão afetando a biodiversidade marinha. Mais ao norte, na Baía de Todos os Santos, um segundo estudo descobriu que outras espécies invasoras de octocorais também têm efeitos negativos sobre a biodiversidade.
O problema da invasão de octocorais não é exclusivo do Brasil. Na Venezuela foi registrada uma cobertura de aproximadamente 80% da área afetada em um período de oito anos. Também há estudos relatando a disseminação desses corais no Pacífico colombiano.
Linha do tempo
Os autores do estudo colheram as primeiras amostras em 2011, antes da chegada de L. ningalooensis. Mais tarde, em 2017, eles coletaram uma segunda amostra ao detectar a presença dessa espécie invasora. Por fim, em 2020, conseguiram fazer uma cronologia do que mudou antes e depois da invasão. Usando essa linha do tempo, a equipe conseguiu determinar que a expansão do octocoral causou uma perda de aproximadamente 40% do gramado de algas ao longo de seis anos.
O estudo aponta que a intervenção humana é a principal causa dessas invasões. Os danos causados aos recifes pela poluição, mudança climática e pesca predatória enfraquecem os ecossistemas e os tornam menos resistentes a invasões de espécies exóticas.
Com informações de SciDev.Net