As ciências básicas fornecem os meios essenciais para enfrentar desafios como o acesso universal a alimentos, energia, cobertura de saúde e tecnologias de comunicação
As ciências básicas fornecem os meios essenciais para enfrentar desafios como o acesso universal a alimentos, energia, cobertura de saúde e tecnologias de comunicação. E ela é indispensável para o desenvolvimento sustentável.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Unesco definiram 2022-23 como o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável 2022-23 (IYBSSD, na sigla em inglês). Com isso, visam ressaltar a ligação entre as ciências básicas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e destacar os possíveis impactos das ciências básicas para alcançá-los. Vários desses ODS estão explicitamente ligados a avanços científicos: saúde e bem-estar (ODS 3); água potável e saneamento (ODS 6); energia acessível e limpa (ODS 7); ação climática (ODS 13); vida sob a água (ODS 14); e vida na terra (ODS 15). Mas, na verdade, todos os ODS exigem a contribuição da ciência e da tecnologia.
“A ciências básicas são essenciais. Sem elas nós não atingiremos os objetivos de Desenvolvimento Sustentável nem 2030, nem 2050”, afirma Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT) e um dos fundadores do Instituto de Estudos Climáticos (IEC) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ele ainda ressalta que as ciências básicas são muito importantes na questão da emergência climática, especialmente para a preservação ambiental. “A floresta amazônica está na beira de um ponto de não retorno, podendo se tornar um ecossistema totalmente degradado, lançando mais de 250 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, e nós temos que evitar isso”.
Para Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), alguns danos causados ao meio ambiente são irreversíveis. “Quando você derrete o gelo que está na Groenlândia a milhões de anos e esse gelo vira água e aumenta o nível do mar, a ciência não conhece nenhuma maneira de reverter esse processo. Quando você destrói 500 km² de floresta amazônica, mesmo que você abandone aquela terra, ela nunca vai recuperar a vitalidade original”, alerta. Por outro lado, as ações que tomamos hoje podem minimizar os danos para as gerações futuras, como, por exemplo, reduzir a emissão de gases de efeito estufa. “Com isso, poderemos construir uma sociedade muito mais justa, muito mais eficiente no uso dos recursos naturais, com muito menor uso de energia e mais sustentável a médio e longo prazo”, enfatiza.
Luciana Barbosa, professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), presidente da Associação Brasileira de Limnologia (ABLimno) e coordenadora do Grupo de Trabalho em Meio Ambiente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), pontua que é urgente pensar em soluções sustentáveis para o Brasil, que é um país rico em biodiversidade e em águas. “Esse risco é inadmissível, principalmente quando se tem tanto conhecimento tradicional presente nas populações indígenas e quilombolas”, explica. A pesquisadora ainda enfatiza que é preciso investir na ciência e também na conscientização da população para buscar um desenvolvimento sustentável para o país. “Daqui pra frente nós temos que investir na conscientização da população de que sustentabilidade é o futuro e que precisamos trabalhar urgentemente para ela”.
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