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As invenções de Santos Dumont: para além do 14-bis

Conheça sete invenções do pioneiro da aviação

 

A história da aviação e da tecnologia moderna não estaria completa sem a notável contribuição do brasileiro Alberto Santos Dumont. Este visionário inventor, que viveu no final do século XIX e início do século XX, deixou um legado que permanece relevante até hoje. Do balão a gás de pequeno porte ao avião, passando pelo dirigível com motor a gasolina, o relógio de pulso, o conceito de hangar, o precursor do ultraleve e até mesmo um chuveiro de água quente, Santos Dumont foi uma força motriz da inovação tecnológica em várias frentes.

 

O balão a gás de pequeno porte: as alturas iniciais da exploração aérea

No final do século XIX, Santos Dumont fez história ao criar um balão a gás de pequeno porte que lhe permitiu ascender aos céus. Seus experimentos pioneiros não só mostraram sua coragem, mas também lançaram as bases para pesquisas atmosféricas. Isso o levou a estabelecer recordes de altitude e explorar o potencial das alturas como uma fronteira de descoberta. Chamado de “Brazil”, desafiava os conceitos da época, quando os balões mediam de 500 a 2 mil metros cúbicos. O de Dumont tinha apenas 100 metros cúbicos, 150 a menos do que o menor concebido até aquele dia.

 

Dirigíveis com motor a gasolina: navegando os céus motorizados

Em 1989, Santos Dumont surpreendeu o mundo novamente ao pilotar o “Santos Dumont 6”, um dirigível equipado com motor a gasolina. Como os balões não ofereciam boa dirigibilidade, Santos Dumont sabia que ele precisava incrementá-los para obter maior eficiência no voo. Com esse intuito, ele construiu os primeiros dirigíveis com motor a gasolina. No dia 13 de novembro de 1889, a bordo da terceira versão de seu dirigível, o N-3, o inventor levantou voo do Parque de Aerostação de Vaugirard e contornou a Torre Eiffel. Isso representou um marco na história da aviação, pois foi a primeira vez que um veículo mais pesado que o ar conseguiu manobrar nos céus com um motor de combustão interna. Seus dirigíveis motorizados não apenas demonstraram sua genialidade, mas também impulsionaram a pesquisa em aerodinâmica e propulsão aérea. As invenções e contribuições de Santos Dumont transcendem a aviação, influenciando campos tão diversos quanto a moda, a engenharia e o conforto pessoal. Seu legado perdura como um tributo à visão e à determinação de um homem que verdadeiramente se destacou como um dos maiores inovadores de todos os tempos.

 

Relógio de pulso: elegância e praticidade no tempo

Além de suas realizações nos céus, Santos Dumont deixou sua marca na moda e na funcionalidade com a invenção do relógio de pulso em 1904. Por estar sempre com as mãos ocupadas ao voar em seus balões, não podia verificar as horas em seu relógio de bolso, comum na época. Santos Dumont sugeriu criar um relógio com pulseira para ser usado no pulso, o que facilitaria suas consultas enquanto voava. Assim, em 1904, pediu a seu amigo Louis Cartier para desenvolver um modelo que pudesse ser utilizado no pulso, com pulseira de couro. Esta inovação não apenas redefiniu a maneira como as pessoas usavam relógios, mas também provou ser uma ferramenta prática para os aviadores, permitindo-lhes verificar o tempo durante os voos, mantendo as mãos nos controles.


Figura 1. Santos Dumont em 1902
(Fonte:  Divisão de Gravuras e Fotografias da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos)

 

Hangar: abrigo para as asas da revolução aérea

Foi de Santos Dumont a ideia de construir o primeiro hangar do mundo. Assim, construiu um hangar em Paris para abrigar seus aviões experimentais, reconhecendo a importância de manter essas máquinas inovadoras em condições ideais. O primeiro hangar do mundo era comprido e alto o suficiente para abrigar o dirigível N-3 e todos os componentes e ferramentas necessários para o trabalho. A construção foi concluída em 1900, com 30 metros de comprimento, 7 metros de largura e 11 metros de altura.

 

Avião: conquistando os céus 

Primeiro a demonstrar publicamente que podia levantar voo com uma aeronave mais pesada do que o ar foi o brasileiro. No dia 12 de novembro de 1906, Santos Dumont, a bordo de seu 14-Bis (em uma versão chamada “Oiseau de Proie III”), amealhou o Prêmio do Aeroclube da França, destinado a quem conseguisse tal façanha. Na disputa pelo pioneirismo com os irmãos Orville e Wilbur Wright, dos Estados Unidos, que alegam ter realizado o primeiro voo três anos antes, é preciso ter em mente que, no caso dos irmãos norte-americanos, não realizaram uma exibição pública. Além da falta de registro, os voos executados pelos irmãos tinham outra peculiaridade: o avião era lançado ao ar por uma espécie de catapulta, já que não possuía rodas.

 

Precursor do ultraleve: sonhando com a acessibilidade aos céus

Em seu desejo de tornar a aviação mais acessível, Santos Dumont trabalhou em projetos que podem ser considerados precursores dos ultraleves modernos. Ele vislumbrou aeronaves leves e acessíveis para uso pessoal, plantando as sementes para futuras aeronaves de lazer. Santos Dumont desenvolveu o precursor do ultraleve em 1907. O pequeno avião foi apelidado pelos franceses de Demoiselle, pesava pouco mais de 100 kg, possuía estrutura de bambu e continha motor de 35 HP. Com essa primeira versão, Santos Dumont empreendeu voos de menos de 200 metros em Saint-Cyr, em Paris.

 

Chuveiro de água quente: conforto elevado a novas alturas

Além de suas inovações aéreas, Santos Dumont também se preocupava com o conforto humano. Ele instalou um chuveiro de água quente em sua casa, uma raridade na época. O chalé ‘A Encantada’, residência de verão de Santos Dumont, no Rio de Janeiro, foi projetado pelo próprio aviador em 1918. Os três andares da casa estão repletos de ideias novas para a época, como o chuveiro de água quente, até então inédito no Brasil. O chuveiro era aquecido a álcool e funcionava com um balde perfurado e dividido ao meio, com entrada para água quente e fria e duas correntes de temperatura. Entretanto, a invenção do chuveiro elétrico como se conhece hoje (e é amplamente usado pela população) é de outro brasileiro: o engenheiro Francisco Canhos, segundo a Universidade de São Paulo (USP).

 

Capa: Domínio público
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