Região tem papel fundamental em questões urgentes no cenário mundial
O cenário atual é crítico, com desafios globais interconectados, incluindo crises econômicas, energéticas e migratórias. Tais desafios demandam abordagens complexas e multilaterais. A América Latina enfrenta desafios e oportunidades únicas em um mundo em constante transformação.
Neste contexto, é crucial que os governos da região desenvolvam uma agenda conjunta que vá além da lógica bipolar e promova o multilateralismo. O diálogo intra-regional deve ser fortalecido, e cúpulas de presidentes, após um hiato de sete anos, precisam ser retomadas. Além disso, é necessário repensar os acordos de integração, transformando-os em instrumentos de interdependência econômica e geopolítica, em vez de meros acordos comerciais. “A integração mostra um novo tipo de potência desses países, a capacidade de negociar conjuntamente sobre uma série de aspectos – desde a democracia na construção de políticas que sejam mais inclusivas até as decisões econômicas”, pontua Edna Castro, professora emérita da Universidade Federal do Pará (UFP) e recentemente eleita presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS).
A América Latina possui um potencial significativo na agenda climática e energética, tornando-se um aliado-chave para a União Europeia e outros parceiros globais. Com metade da biodiversidade mundial, 33% da energia proveniente de fontes renováveis e vastas reservas de minerais essenciais para a transição ecológica, a região pode desempenhar um papel crucial na transição global para uma economia mais sustentável. “Nós não podemos nos furtar de debater as emergências climáticas que estão ocorrendo no mundo inteiro. Nós estamos convivendo com esses desastres, que serão cada vez mais intensos e mais próximos. E a integração latino-americana passa necessariamente em como integrar sem destruir”, enfatiza a pesquisadora.
A recente cúpula entre a Celac e a União Europeia expôs o papel da América Latina no cenário político global. Para Edna Castro, em meio a desafios globais complexos, a América Latina tem a chance de se posicionar como um ator-chave na arena internacional, promovendo a cooperação e ajudando a moldar um mundo mais sustentável e equitativo. É crucial que a região aproveite essas oportunidades e construa alianças estratégicas para enfrentar os desafios do século XXI. “Se vamos falar de integração, temos que pensar na integração de países que são cidadãos, que lidam com a diversidade e com os dilemas – e o dilema é a população dessa região não poder viver a plenitude de suas vidas”, finaliza.
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