C&C 3E23 - podcast 1 - capa site

Consolidação democrática na América Latina

Episódios recentes demonstram a fragilidades dos regimes democráticos na região

 

Avanço da extrema-direita, aumento de regimes autoritários, enfraquecimento dos regimes democráticos. A democracia na América Latina está sob forte risco. O tema é discutido no último episódio do Ciência & Cultura Cast, o podcast da revista Ciência & Cultura, que nesta edição trata do tema “América Latina: Integração e Democracia”.

Nos últimos anos, a América Latina testemunhou avanços promissores e preocupações crescentes no seu cenário democrático. Embora a região tenha uma rica história de luta pela governação democrática, hoje enfrenta vários desafios. Um dos principais riscos para a democracia na América Latina reside na fragilidade das instituições. Muitos países da região enfrentam problemas de corrupção, falta de transparência e um Estado de direito fraco, que minam a confiança do público no processo democrático. Essas questões são frequentemente agravadas por disparidades econômicas, agitação social e prevalência do crime organizado, criando um ambiente volátil que testa a resistência dos sistemas democráticos. “Isso deixa claro as fragilidades que nossas democracias, inclusive a brasileira, demonstraram ao longo dessas duas, três décadas de vigência entre o fim dos regimes militares e esse período mais recentemente”, pontua Clayton Mendonça Cunha Filho, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador-associado do Observatório Político Sul-Americano (IESP-UERJ).

Para o pesquisador, esse cenário contribuiu para a ascensão de líderes alinhados à extrema-direita em toda a América Latina, levantando questões sobre a resiliência das normas democráticas. Alguns líderes foram acusados de minar as instituições democráticas e de concentrar o poder no poder executivo, o que pode levar à erosão dos pesos e contrapesos. Além disso, o clima político polarizado em muitos países tem dificultado o diálogo construtivo e a cooperação entre as diferentes facções, desafiando ainda mais a estabilidade da governação democrática. “A incapacidade desses regimes darem uma reposta eficiente aos problemas gerais da população – geração de emprego, crescimento econômico, educação de qualidade, distribuição de renda – contribuiu para o atual fortalecimento da extrema-direita. Ao não conseguir responder aos grandes problemas da população, dão espaço a esse tipo de ator e deixam as democracias frágeis”, explica Clayton Mendonça.

À medida que a América Latina enfrenta esses riscos multifacetados, o futuro da democracia na região depende do fortalecimento das instituições, da promoção da participação política inclusiva e da abordagem das disparidades socioeconômicas que continuam a alimentar o descontentamento entre as suas diversas populações. “É preciso também ter maior cuidado com a memória, com a educação cívica para as pessoas saberem se verdade o que foram essas ditaduras. Em Santiago, no Chile, por exemplo, você tem o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, que é um grande memorial do que foi a ditadura. Assim, é possível conhecer o que foram aqueles abusos aos direitos humanos na prática”.

Ouça o episódio completo:

Blog Ciencia e Cultura

Blog Ciencia e Cultura

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe:

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Palavras-chaves
CATEGORIAS

Relacionados