cerrado

Os ecossistemas tropicais exigem mais do que captura de carbono

Plantações para captura de carbono podem causar redução da biodiversidade

 

Um estudo recente publicado na revista Trends in Ecology & Evolution adverte sobre os possíveis impactos negativos que o foco exclusivo na plantação de árvores como estratégia de captura de CO2 pode acarretar nos ecossistemas tropicais. Os resultados apontam que tal abordagem pode resultar em danos significativos à biodiversidade em comparação aos benefícios. Coincidindo com essa advertência, outra pesquisa indicou que um aumento de 40% na cobertura arbórea na savana brasileira resultou em uma redução de cerca de 30% na biodiversidade.

Os projetos financiados por créditos de carbono, uma tendência em ascensão na América Latina, frequentemente adotam o plantio de árvores como forma de justificar os incentivos oferecidos às empresas interessadas. Porém, o estudo adverte que essa estratégia é mais onerosa em comparação com os esforços de conservação dos ecossistemas tropicais em seu estado natural.

A análise propõe uma revisão nos critérios de certificação de projetos de carbono, sugerindo que além da capacidade de captura de CO2, os benefícios para outros aspectos do ecossistema, como polinização, captação de água e estabilidade de temperatura, sejam considerados. No entanto, a mensuração desses serviços apresenta desafios significativos. Além disso, especialistas apontam que o plantio de árvores é uma estratégia dispendiosa, especialmente nos estágios iniciais.

A falta de reconhecimento do valor dos ecossistemas como a savana, que não são predominantemente arborizados, é outro ponto abordado no estudo. Essa questão se aprofunda ainda mais devido à projeção global da Amazônia, relegando o Cerrado a uma posição secundária. Alencar ressalta a riqueza biodiversa do Cerrado, que se conecta com diversos ecossistemas do Brasil, enfatizando a importância do fogo para esse ecossistema, ao qual algumas espécies estão adaptadas.

Entretanto, os desafios se estendem para além da biodiversidade. Monoculturas de árvores, majoritariamente compostas por espécies não nativas, representam 97% das plantações na América Latina, gerando riscos adicionais de perda de diversidade e falta de resiliência diante das mudanças climáticas. A expansão descontrolada dessas plantações, exemplificada pela invasão de espécies como a teca em áreas protegidas, evidencia a complexidade e os prejuízos associados a tais práticas.

Este é um panorama das complexidades e desafios que cercam as estratégias de plantio de árvores na região, despertando discussões cruciais sobre a sustentabilidade e conservação dos ecossistemas tropicais na América Latina.

Com informações de SciDev.Net

 

Capa. Toninho Tavares/ Agência Brasil. Reprodução
Blog Ciencia e Cultura

Blog Ciencia e Cultura

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe:

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Palavras-chaves
CATEGORIAS

Relacionados