Integrar a América Latina é um desafio complexo que exige que os países trabalhem juntos, respeitando as diferenças e promovendo a cooperação econômica, social e política.
A América Latina é uma região marcada por uma história comum de colonização, luta por independência e busca por identidade cultural. No entanto, apesar desses laços históricos, a verdadeira integração latino-americana tem sido desafiada ao longo dos anos, refletindo-se em esforços fragmentados e obstáculos persistentes.
Os países da América Latina compartilham uma herança histórica que remonta à colonização espanhola e portuguesa. Eles lutaram juntos por independência no século XIX, moldando suas identidades nacionais. Além disso, a língua espanhola e o português são amplamente falados na região, fortalecendo ainda mais os laços culturais. Essa história comum fornece uma base sólida para a integração regional. “Se vivemos impactos históricos similares, se temos uma história similar, também temos problemas similares e podemos, no compartilhamento desses problemas e dessas questões que afligem o bem-estar dos nossos cidadãos, buscar soluções comuns”, pontua Clarissa Franzoi Dri, professora do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde coordena o Grupo de Pesquisa e Extensão em Cooperação Regional (Oirã).
A busca por uma maior integração econômica é um dos principais pilares da integração latino-americana. Organizações como o Mercosul e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) foram criadas visando promover o comércio e a cooperação econômica. No entanto, esses esforços muitas vezes esbarraram em desafios, como desigualdades econômicas entre os países, barreiras comerciais e instabilidade política. Assim, a busca por uma integração mais profunda enfrenta diversos obstáculos. As diferenças políticas e ideológicas entre os países muitas vezes dificultam a cooperação. Além disso, questões de soberania nacional podem criar tensões, impedindo avanços significativos. A falta de infraestrutura de transporte e comunicação também limita a conectividade regional.
Além disso, a América Latina é marcada por desafios sociais significativos, incluindo alta desigualdade de renda, pobreza generalizada e discriminação contra minorias étnicas. A integração efetiva requer abordagens conjuntas para enfrentar essas questões, como a promoção de políticas sociais inclusivas e a proteção dos direitos das minorias. “É preciso envolver, valorizar, reconhecer os diversos grupos étnicos-raciais, sociais e de gênero que existem, corrigindo as injustiças sociais e a violência contra os povos mais oprimidos. Isso passa pelo desenvolvimento de um modelo econômico de integração regional que valorize a questão democrática e participativa”, afirma Paulo Henrique Martins, professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ex-presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS).
Os direitos humanos são fundamentais para qualquer processo de integração. A região enfrentou desafios históricos relacionados a abusos de direitos humanos durante ditaduras militares em vários países. A consolidação da democracia e o respeito aos direitos humanos são pré-requisitos essenciais para uma integração bem-sucedida. “O que a gente precisa fazer com essa integração é tentar construir um olhar próprio acerca de nossos problemas, um olhar próprio acerca de como podemos lidar com este cenário, do que precisamos fazer para fortalecer a democracia e o desenvolvimento olhando para nossa região”, diz Leonardo Granato, professor do Departamento de Ciências Administrativas – Área de Administração Pública e Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Núcleo de Estudos em Política, Estado e Capitalismo na América Latina (NEPEC).
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