Crescimento da extrema-direita, economia desigual e desrespeito aos direitos humanos colocam democracias da região em risco
A América Latina, historicamente marcada por sua diversidade política e social, enfrenta atualmente desafios significativos em relação à garantia de suas democracias. Nos últimos anos, observou-se um aumento notável de grupos políticos de extrema-direita em várias nações da região. Esse movimento tem impactos profundos na economia e no respeito aos direitos humanos.
Em muitos países latino-americanos, o crescimento da extrema-direita tem sido acompanhado de políticas econômicas que favorecem as elites, exacerbando a desigualdade social. A concentração de riqueza e o enfraquecimento das redes de segurança social podem minar o tecido democrático, alimentando o descontentamento popular e prejudicando a coesão social. “Nós estamos vivendo um nível de desigualdade, de concentração, inimaginável. E isso gera indiscutivelmente um mal-estar amplificado, uma frustração e um ressentimento social que é amplificado”, pontua Débora Messenberg, professora do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de Brasília (UnB).
Além disso, o aumento desses grupos vem frequentemente acompanhado de desrespeito aos direitos humanos, incluindo restrições à liberdade de imprensa, ataques a minorias e a erosão das instituições democráticas. Essas tendências representam sérios desafios para a manutenção de sociedades justas e livres na região. “A maioria dos países da região são democracias, mas uma democracia que ainda não tem um uma maturidade”, explica Lucas Ribeiro Mesquita, professor do curso de Relações Internacionais e Integração da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila), onde coordena o Núcleo de Pesquisa em Política Externa Latino-Americana (NUPELA). “O fortalecimento da democracia é o aumento da participação democrática. No momento que você tem justamente um enfraquecimento dessa participação, há uma perda da entrada dessas pessoas dentro do Estado. Com isso, há uma tendência de que você comece a ter uma produção de políticas públicas voltada aos grupos que possuem o acesso.”
Uma resposta fundamental a essas ameaças é o fortalecimento da educação política. Educar os cidadãos sobre os princípios democráticos, os direitos humanos e os mecanismos de participação cívica é essencial para criar uma base sólida para as democracias latino-americanas. A promoção do diálogo, da tolerância e do respeito às diferenças também desempenha um papel vital na construção de sociedades democráticas robustas. Para Andrea Califano, professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), é fundamental envolver toda a população na discussão da democracia. “Precisamos de um governo que atue juntos a esses sujeitos que conseguem alimentar a vida democrática do país”, defende.
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