Apesar das controvérsias sobre sua origem, o rádio se tornou um grande companheiro na vida de muitos brasileiros
No final do século XIX, uma revolucionária invenção surgiu, capaz de transmitir sons por ondas de rádio. Esta criação, dentre as diversas invenções brasileiras inovadoras, é atribuída ao padre e inventor brasileiro Roberto Landell de Moura, que realizou a primeira transmissão mundial em 1893. Enquanto outras tecnologias estrangeiras da época estavam limitadas a sinais telegráficos de curta distância, Landell de Moura possibilitou a comunicação entre pessoas a uma distância muito maior.
Roberto Landell de Moura, padre católico e inventor brasileiro, foi um pioneiro na transmissão da voz humana sem fio, antecedendo outros inventores, como o canadense Reginald Fessenden (em dezembro de 1900) e Guglielmo Marconi, que se notabilizou pela transmissão de sinais de telegrafia por rádio e posteriormente de voz humana em 1914.
Em 1893, Landell realizou a primeira transmissão radiofônica do mundo. Enquanto outros inventos da época apenas conseguiam enviar sinais telegráficos a curtas distâncias, o padre brasileiro possibilitou a comunicação através da voz humana a distâncias inimagináveis naquele tempo. No entanto, sem apoio governamental, ele não pôde dar continuidade aos seus experimentos. Viajou para os EUA em 1901, onde patenteou o telégrafo sem fio, o telefone sem fio e o transmissor. (Figura 1)
Figura 1. O padre e inventor brasileiro Roberto Landell de Moura
(Foto: Divulgação)
Origens e rivalidade
O rádio, uma rivalidade entre Brasil e Itália, teve seus primeiros passos com a transmissão em 1922 durante a comemoração do centenário da Independência do Brasil. Essa invenção é objeto de disputa entre os dois países até hoje. Os europeus creditam sua origem a Guglielmo Marconi, nascido na Itália em 1874. Já os brasileiros se orgulham de que a invenção pertence ao padre gaúcho Roberto Landell de Moura, nascido em Porto Alegre em 1862.
Em setembro de 1922, durante as celebrações do centenário da Independência do Brasil, foi transmitido o discurso do então presidente da República, Epitácio Pessoa, marcando o início do rádio no país. Anos depois, o rádio se tornou uma paixão nacional e um importante instrumento de integração regional.
Com ondas de radiofrequência, o rádio tornou-se um instrumento capaz de ultrapassar barreiras geográficas e sociais, proporcionando acesso a conteúdos informativos e educativos em todo o país. A primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, foi fundada em 1923 por Edgard Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão no Brasil, com o propósito de promover a educação. (Figura 2)
Figura 2. Roquette-Pinto durante inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
(Foto: Ministério das Comunicações/ Arquivo)
O jornalista e pesquisador Hamilton de Almeida, autor do livro “Landell de Moura – Um Herói Sem Glória”, estuda as descobertas de Landell de Moura há várias décadas. Em 2021, apresentou sua mais recente obra investigativa nos Estados Unidos e na Itália, intitulada “Padre Landell: o brasileiro que inventou o wireless”.
Popularidade
Apesar das controvérsias sobre sua origem, o rádio se tornou um grande companheiro na vida de muitos brasileiros e latino-americanos. O Brasil foi um dos países com maior audiência radiofônica, ocupando o terceiro lugar no mundo antes da chegada da internet.
Embora tenha enfrentado um período inicial de experimentação, o rádio ganhou popularidade na década de 1930, especialmente após uma lei, sancionada pelo presidente Getúlio Vargas em 1932, que autorizou a transmissão de propagandas pelas emissoras. Isso incentivou investimentos das empresas e tornou os aparelhos de rádio mais acessíveis. Com a crescente popularidade, o rádio passou a transmitir música popular e programas de entretenimento, como radionovelas, durante a “Era de Ouro” dos anos 1950. (Figura 3)
Figura 3. Primeira transmissão de rádio no Brasil completa 90 anos
(Foto: Divulgação)
O rádio, até os dias atuais, permanece como um dos principais meios de comunicação, alcançando desde os habitantes das grandes capitais até aqueles que vivem em regiões remotas do país.