Processo envolve observações do fundo do mar até ao topo da atmosfera e conta com rede mundial de estações, de satélites e radares
Em meio aos frequentes alertas da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os perigos do aquecimento global, é crucial compreender como os cientistas monitoram e analisam as mudanças climáticas. Sete indicadores fundamentais fornecem informações cruciais sobre o estado do sistema climático global, utilizando métodos que abrangem desde observações no fundo do mar até o topo da atmosfera.
O primeiro indicador, a temperatura média do ar na superfície, é calculado combinando dados de estações de medição global e modelos de reanálise de clima. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 2023 está a caminho de ser o ano mais quente registrado, marcando uma tendência preocupante, com os últimos nove anos já sendo os mais quentes.
O segundo indicador, o conteúdo de calor do oceano, revela um aumento acentuado nas últimas duas décadas, indicando que os oceanos absorveram cerca de 90% do excesso de calor relacionado ao aumento do efeito estufa. Projeções sugerem um aumento significativo no nível do mar devido ao derretimento das calotas polares e dos glaciares.
O terceiro indicador, a massa glacial, evidencia uma diminuição média de mais de 30 metros na espessura das geleiras desde os anos 70. Registros recentes na Suíça indicam um novo recorde de altitude para o ponto de congelamento da água, apontando para mudanças drásticas.
O quarto indicador, a extensão do gelo marinho, destaca uma diminuição preocupante na Antártica em setembro de 2023, equivalente a uma área do tamanho de Portugal, Espanha, França e Alemanha combinadas. A redução da camada de gelo contribui para um ciclo de retenção de calor, acelerando ainda mais o derretimento.
O quinto indicador, a acidificação do oceano, destaca os riscos para a vida marinha e a pesca devido ao aumento da acidez causado pela absorção de CO2. Por último, a análise da composição atmosférica revela um aumento alarmante na concentração de gases do efeito estufa, com o CO2 desempenhando um papel central.
A coleta de dados para essas análises é realizada por diversas instituições, incluindo a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa), Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), serviço meteorológico nacional do Reino Unido Met Office, Centro Europeu de Previsão do Tempo (ECMWF), Berkeley Earth (organização científica independente) e Agência Meteorológica do Japão (JMA). Esses dados, provenientes de mais de 11 mil estações em terra, além de satélites e outros meios de observação, alimentam modelos climáticos usados em estudos rigorosos. Segundo a Nasa, 97% dos cientistas climáticos concordam que as atividades humanas são responsáveis pelo aquecimento global e as mudanças climáticas, reforçando a necessidade urgente de ações globais.
Com informações de ONU News