Nos últimos anos, universidade brasileira vem buscando ampliar e diversificar suas vagas, tornando seu acesso mais democrático
A história das universidades nas Américas é marcada por uma trajetória rica e diversa, desde as primeiras instituições que surgiram no século XVI até a expansão mais recente do ensino superior no Brasil. O continente viu o surgimento de algumas das mais antigas universidades do mundo, como a Universidade de São Domingos, na República Dominicana, em 1538, seguida pelas universidades de San Marcos, no Peru, e México, ambas estabelecidas em 1551 e 1553, respectivamente. Por sua vez, na América do Norte, a renomada Harvard deu início à sua história em 1636. No entanto, o Brasil só teve sua primeira universidade no século XX, com a fundação da Universidade do Rio de Janeiro, em 1920.
“O Brasil só veio a ter sua primeira universidade no século XX, com a fundação da Universidade do Rio de Janeiro, em 1920.”
Durante grande parte da história educacional brasileira, o ensino superior foi dominado por escolas profissionais e faculdades isoladas. Após a chegada da corte portuguesa em 1808, foram criadas as primeiras faculdades, como a Escola de Cirurgia da Bahia e a Faculdade de Direito de Olinda. As universidades, como instituições que reuniam diversas áreas do conhecimento em um só lugar, surgiram mais tarde, no século XX, enquanto na América espanhola elas já estavam estabelecidas desde o século XVI.
Expansão
A criação da Universidade do Rio de Janeiro em 1920 marcou o início de um movimento de expansão do ensino superior no Brasil. Entretanto, foi somente em 1934 que o Estado de São Paulo viu surgir a Universidade de São Paulo (USP), tornando-se um importante centro de pesquisa nacional. Esse crescimento foi ainda mais impulsionado pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que aumentou o número de universidades federais de 45 para 63, entre 2002 e 2014.
“Nos últimos anos, o Brasil testemunhou um notável aumento no número de pessoas com ensino superior completo.”
Nos últimos anos, o Brasil testemunhou um notável aumento no número de pessoas com ensino superior completo. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (PNAD-C/A), em 2020, 18% da população brasileira possuía esse nível de escolaridade, um salto significativo em relação aos anos anteriores. O Ministério da Educação (MEC) aponta que, em 2023, esse número subiu para 23%.
Inclusão
Essa expansão também trouxe à tona questões de diversidade e inclusão. Visando democratizar o acesso ao ensino superior, programas de ação afirmativa, como a “Lei de Cotas”, foram implementados a partir de 2013. Essas políticas tiveram um impacto significativo na composição dos estudantes universitários, trazendo para as salas de aula jovens de grupos historicamente excluídos, como negros, indígenas e estudantes de escolas públicas. O resultado foi uma mudança substancial no perfil da comunidade estudantil universitária, tornando-a mais representativa da diversidade do Brasil.
“Com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino superior, programas de ação afirmativa foram implementados a partir de 2013.”
A expansão das universidades não apenas abriu portas para um número maior de estudantes, mas também gerou oportunidades de trabalho. A contratação de docentes e técnicos administrativos contribuiu para diversificar o quadro de profissionais nas universidades, abalando a hegemonia dos pesquisadores de carreira e abrindo espaço para novos perfis profissionais. Assim, o cenário do ensino superior no Brasil passou por transformações significativas, democratizando o acesso ao conhecimento e promovendo a diversidade e a inclusão na educação.
