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Colaboradores célebres: A Ciência & Cultura e seu legado na promoção da ciência brasileira

Desde sua fundação, a revista não apenas populariza descobertas e inovações, mas também destaca-se como guia para pesquisadores e entusiastas na busca por soluções aos desafios contemporâneos

 

Celebrando 75 anos de dedicação à disseminação do conhecimento científico, a Revista Ciência & Cultura se firmou como um pilar essencial na promoção da ciência no Brasil. Ao longo de sua história, a publicação tem sido um palco para debates científicos, um veículo para a popularização de descobertas e inovações, e um farol de inspiração para gerações de pesquisadores e entusiastas. Grandes nomes da ciência brasileira passaram por suas páginas, contribuindo não apenas para a evolução da revista, mas também para o avanço do pensamento científico no país. Em um cenário onde a ciência se torna cada vez mais vital para enfrentar os desafios contemporâneos, a importância de divulgar e tornar acessíveis os conhecimentos científicos nunca foi tão evidente.

Ciência & Cultura é o mais antigo veículo de divulgação científica em circulação no Brasil. Criada em 1949, no ano seguinte à fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) a revista se consolidou como uma das publicações científicas mais relevantes do Brasil. Ao longo de seus 75 anos, a publicação procurou se comunicar tanto com o grande público quanto com a comunidade científica e leitores especializados, tornando-se uma importante ferramenta para os debates contemporâneos.

A história da revista começou com um grupo impressionante de pioneiros que poderiam figurar em qualquer publicação científica mundial. Marcello Damy de Souza Santos, Heinrich Rheinboldt, Viktor Leinz, Carlos Arnaldo Krug e Newton Freire-Maia foram os primeiros redatores da Ciência & Cultura. Damy de Souza Santos, por exemplo, além de físico e pesquisador, instalou o primeiro reator nuclear no Brasil. Rheinboldt, renomado químico, contribuiu significativamente para o ensino de química no país. Viktor Leinz, geólogo alemão, foi um pioneiro em estudos petrográficos no Brasil, enquanto Carlos Arnaldo Krug, agrônomo destacado, foi responsável pelo primeiro híbrido duplo de milho cultivado no país. Newton Freire-Maia, geneticista e professor, também deixou sua marca na revista.

Entretanto, José Reis emergiu como a figura central e visionária. Médico patologista e um dos fundadores da SBPC, Reis foi o primeiro editor da revista, guiando-a com uma visão ampla e inclusiva. Ele não apenas viu a Ciência & Cultura como uma publicação, mas como um órgão vital da SBPC, aberto não apenas aos cientistas, mas a todos os interessados na ciência, suas aplicações e implicações. Ao longo de seus períodos como editor, de 1949 a 1954 e de 1972 a 1985, Reis moldou a revista como um veículo essencial para o avanço do conhecimento científico no Brasil. (Figura 1)


Figura 1. José Reis
(Foto: Acervo SBPC. Reprodução)

 

Além de Reis, outros eminentes cientistas contribuíram com artigos fundamentais. Carlos Chagas Filho, José Goldemberg, Oscar Sala e Aziz Ab’Saber são apenas alguns dos nomes que enriqueceram as páginas da revista com suas pesquisas e reflexões, impulsionando o desenvolvimento científico no país e além. Suas contribuições não apenas registraram o conhecimento contemporâneo, mas também inspiraram gerações futuras de cientistas brasileiros.

 

Celebridades internacionais 

Na história da revista, figuras proeminentes da ciência mundial deixaram sua marca indelével. Robert Oppenheimer, renomado físico teórico e diretor do Laboratório Nacional Los Alamos durante a Segunda Guerra Mundial, conhecido como o “pai da bomba atômica” devido ao seu papel crucial no Projeto Manhattan, foi destacado pela primeira vez em 1953, durante sua visita ao Brasil. Durante esse período, ele enfatizou a importância da ciência no progresso humano, declarando: “É muito importante em uma democracia que o povo em geral e sobretudo os responsáveis pela causa pública adquiram uma convicção profunda da importância da ciência para o progresso humano”. Em 1962, suas reflexões sobre cultura e ciência ecoaram novamente nas páginas da revista, quando ele discutiu na Academia Brasileira de Ciências sobre a responsabilidade da comunidade intelectual na reforma das instituições humanas para promover a paz.

Albert Einstein também contribuiu para a revista em 1956 com o artigo “Apelo dos homens de ciência contra a guerra”, escrito em colaboração com outros cientistas. Nele, Einstein argumentou que o foco não deveria ser na vitória militar, mas sim em evitar o caminho desastroso da resposta militar, que considerava prejudicial para todos. (Figura 2)


Figura 2. Albert Einstein
(Reprodução)

 

Marie Curie, física e química de renome, primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e naturalizada francesa, também deixou sua marca na revista em 1981. Com Lúcia Tosi, ela abordou em seu artigo “A mulher brasileira, a universidade e a pesquisa científica” os desafios enfrentados pelas mulheres na ciência, apesar da ausência de barreiras legais formais no acesso ao ensino superior no Brasil. Curie destacou os obstáculos sociais que, segundo ela, eram muitas vezes mais eficazes do que qualquer legislação restritiva. (Figura 3)


Figura 3. Marie Curie
(Reprodução)

 

Presença das mulheres

A revista Ciência & Cultura tem sido palco de importantes contribuições de mulheres que deixaram um legado marcante na ciência brasileira. Rosina de Barros, renomada pesquisadora e professora da Universidade de São Paulo (USP), desempenhou um papel crucial na institucionalização da genética no Brasil. Em 1949, ela se tornou a primeira mulher a publicar um artigo na revista, intitulado “Um caso de alteração na proporção entre os sexos, em ‘Drosophila mercatorum pararepleta’”. Esse trabalho não só reflete seu compromisso com a pesquisa em zoologia e biologia celular, como também ilustra temas de destaque nas publicações do Departamento de Biologia Geral nas décadas de 1930 e 1940.

Johanna Dobereiner, agrônoma pioneira em biologia do solo, deixou sua marca com estudos que revolucionaram a agricultura tropical, especialmente no cultivo de soja. Em 1959, seu artigo “Influência da umidade do solo na população de bactérias do gênero Beijerinckia derx” destacou-se na revista pela importância de suas descobertas para a ciência agrícola. (Figura 4)


Figura 4. Johanna Dobereiner
(Reprodução)

 

Carolina Bori, figura icônica na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), foi a primeira mulher a presidir a entidade em 1987. Além de sua liderança marcante, contribuiu significativamente para a popularização da ciência no Brasil, através de programas de rádio e conferências, e advogou pela integração da psicologia como disciplina essencial no país. Em 1964, seu artigo “Um curso moderno de psicologia” na revista exemplificou seu compromisso com o avanço do conhecimento científico e sua aplicação prática na sociedade. (Figura 5)


Figura 5. Carolina Bori
(Foto: Acervo SBPC. Reprodução)

 

A revista também foi enriquecida por outras mulheres notáveis, como Mayana Zats, pioneira em biologia molecular e genética; Lilia Moritz Schwarcz, renomada historiadora e antropóloga; Elza Furtado Gomide, a primeira doutora em matemática pela USP; e Ima Vieira, destacada pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi. Cada uma delas contribuiu de maneira única para a ciência e deixou um legado na história da publicação. Essas mulheres não apenas abriram caminho para futuras gerações de cientistas, mas também redefiniram o panorama da pesquisa científica no Brasil, demonstrando um compromisso contínuo com a excelência acadêmica e a inovação.

Blog Ciencia e Cultura

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