Imunização tem uma longa história salvando vidas ao redor do mundo
Durante séculos, a busca pela proteção contra doenças mortais tem sido uma prioridade para a humanidade. Desde experiências pioneiras até a implementação global de vacinas durante pandemias sem precedentes, a imunização tem uma história longa e fascinante.
A investigação sobre vacinas pode levantar questões éticas desafiadoras, e algumas das experiências realizadas no passado para o desenvolvimento de vacinas não seriam aceitáveis hoje em dia. No entanto, é inegável que as vacinas têm salvado mais vidas humanas do que qualquer outra invenção médica na história.
Uma viagem pelos séculos
Desde pelo menos o século XV, pessoas em diferentes partes do mundo têm tentado prevenir doenças expondo intencionalmente indivíduos saudáveis à varíola, uma prática conhecida como variolação. Acredita-se que essa prática remonte a 200 a.C. No entanto, foi somente em 1721 que Mary Wortley Montagu introduziu a inoculação contra a varíola na Europa, baseada em sua observação dessa prática na Turquia. (Figura 1)
Figura 1. Mary Wortley Montagu
(Fonte: Pintura por Charles Jervas, pós-1716. Reprodução)
Em 1774, Benjamin Jesty fez uma descoberta crucial ao testar a hipótese de que a infecção por varíola bovina poderia proteger contra a varíola em humanos.
A era de Louis Pasteur
Louis Pasteur, em 1872, mesmo após enfrentar desafios pessoais, criou a primeira vacina produzida em laboratório, a vacina contra a cólera aviária em galinhas. Em 1885, Pasteur obteve sucesso na prevenção da raiva através da vacinação pós-exposição, um marco importante na história das vacinas. (Figura 2)
Figura 2. Louis Pasteur em seu laboratório
(Fonte: Pintura por A. Edelfeldt em 1885. Reprodução)
Um momento controverso surgiu quando Pasteur, não sendo médico, administrou um esquema de 13 injeções com vírus da raiva ao paciente Joseph Meister. O paciente sobreviveu e mais tarde tornou-se o zelador do túmulo de Pasteur em Paris.
Descobertas cruciais
Anna Wessels Williams, em 1894, isolou uma cepa bacteriana crucial para o desenvolvimento de uma antitoxina contra a difteria. Nas décadas seguintes, avanços significativos foram feitos no campo das vacinas.
Em 1918, a pandemia de gripe espanhola devastou o mundo, levando à realização das primeiras experiências com vacinas contra a gripe. Em 1937, a vacina 17D contra a febre amarela foi desenvolvida, seguida pela vacina contra a tosse convulsa em 1939. (Figura 3)
Figura 3. Pandemia de gripe espanhola, em 1918, levou à realização das primeiras experiências com vacinas contra a gripe
(Fonte: Walter Reed Hospital, Washington, D.C. Wikimedia Commons. Reprodução)
A revolução da vacinação contra a poliomielite
O desenvolvimento da vacina contra a poliomielite marcou um marco na história das vacinas. Jonas Salk desenvolveu a primeira vacina eficaz em 1952, seguida pela vacina oral de Albert Sabin em 1960. Essas vacinas trouxeram uma revolução na prevenção da poliomielite em todo o mundo.
Erradicação e novos desafios
Em 1980, a varíola foi oficialmente declarada erradicada pela Assembleia Mundial da Saúde, seguida por esforços para erradicar a poliomielite. A década de 1980 também viu avanços na vacinação contra o Hib, pneumonia pneumocócica e HPV.
Do século XXI à pandemia de COVID-19
No início do século XXI, vacinas contra doenças como rotavírus e HPV foram introduzidas. Em 2020, a pandemia de COVID-19 trouxe desafios globais sem precedentes, mas também testemunhou o desenvolvimento rápido de vacinas eficazes.
O sucesso das vacinas contra a COVID-19 demonstrou o poder da ciência e da cooperação global. No entanto, desafios persistem, incluindo a necessidade de vacinar todas as crianças e adultos contra doenças evitáveis. A história das vacinas nos lembra da importância contínua da pesquisa, desenvolvimento e acesso equitativo à imunização em todo o mundo. (Figura 4)
Figura 4. Vacina contra COVID-19 mostrou desenvolvimento científico dos últimos anos
(Fonte: U.S. Secretary of Defense. Reprodução)
Essas conquistas históricas nos lembram que, apesar dos desafios, a ciência e a colaboração podem transformar vidas e moldar o futuro da saúde global.
Com informações da OMS