Conheça cientistas brasileiros que transformaram a ciência e marcaram a história com descobertas que mudaram o país — e o mundo.
Você já parou para pensar em quantas vidas foram salvas, quantas doenças foram controladas, quantas tecnologias foram desenvolvidas e quantas portas se abriram graças ao trabalho de cientistas brasileiros? Quando falamos de ciência no Brasil, não estamos lidando apenas com teoria ou pesquisa de laboratório. Estamos falando de nomes que mudaram o rumo da saúde pública, expandiram os horizontes da astronomia, colocaram o país em destaque na física mundial e defenderam causas sociais ao lado da produção científica. Esses nomes representam apenas uma parte da contribuição brasileira para o conhecimento científico global. Em comum, todos mostram que a ciência é uma ferramenta de transformação — capaz de curar, proteger, descobrir e mudar o mundo. Eles nos ensinam que investir em ciência é investir no futuro do país.
Bertha Lutz: ciência e luta por direitos
(Bertha Lutz. Reprodução)
Filha do cientista Adolfo Lutz, Bertha Maria Júlia Lutz foi uma bióloga renomada e uma das maiores lideranças do feminismo no Brasil. Graduada em Ciências Naturais pela Sorbonne e em Direito no Brasil, foi especialista em anfíbios e pesquisadora do Museu Nacional por 46 anos. Descobriu novas espécies e teve animais batizados com seu nome — como a perereca Aplastodiscus lutzorum e a raia Hypanus berthalutzea. Mas sua atuação foi além da ciência. Foi a segunda mulher a integrar o serviço público brasileiro e lutou ativamente pelo direito ao voto feminino, conquistado em 1932. Representou o Brasil na Conferência da ONU em São Francisco, em 1945, onde defendeu a inclusão da igualdade de gênero na Carta das Nações Unidas. Um nome essencial para entender a interseção entre ciência, política e justiça social.
Carlos Chagas: o cientista que deu nome a uma doença

(Carlos Chagas. Reprodução)
Carlos Chagas foi um médico sanitarista, infectologista e bacteriologista brilhante. Ele descobriu o protozoário Trypanosoma cruzi, que causa a Doença de Chagas — uma das enfermidades tropicais mais relevantes da América Latina. Foi o único cientista no mundo a descrever completamente uma doença: agente causador, vetor, sintomas e formas de prevenção. Chagas também atuou no combate à malária, leptospirose e doenças venéreas, e trabalhou em grandes expedições científicas em Minas Gerais e na Amazônia. Em 1919, foi convidado a dirigir o Departamento Nacional de Saúde Pública, cargo no qual fortaleceu o sistema de saúde e saneamento no país. Sua trajetória é um exemplo de como a ciência pode ter impacto direto e transformador na vida das pessoas.
César Lattes: o nome que virou plataforma

(Cesar Lattes. Reprodução)
César Lattes talvez seja um dos nomes mais conhecidos da ciência brasileira — e não apenas entre cientistas. Afinal, seu sobrenome batiza a plataforma Lattes, o sistema nacional que reúne os currículos de todos os pesquisadores do país. Filho de imigrantes italianos, nascido no Paraná, Lattes estudou Física e Matemática na USP e trilhou um caminho brilhante, que incluiu uma bolsa da Fundação Rockefeller, uma temporada na Universidade da Califórnia e contribuições fundamentais à física de partículas. Lattes foi um dos descobridores do méson pi (ou píon), uma partícula subatômica essencial para entender as forças nucleares. Fundador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, Lattes foi considerado o maior físico brasileiro de sua geração, colocando o Brasil no cenário internacional da ciência com uma descoberta revolucionária.
Duilia de Mello: o céu não é o limite

(Duilia de Mello. Reprodução)
Do Rio de Janeiro para o espaço sideral, Duilia Fernandes de Mello é uma das maiores astrônomas brasileiras da atualidade. Com doutorado pela USP e experiência em universidades nos EUA, Duilia tornou-se pesquisadora da NASA e professora titular na Universidade Católica de Washington, onde também foi vice-reitora. Foi ela quem descobriu a maior galáxia espiral já conhecida, a NGC6872. Sua trajetória inspira jovens cientistas e mostra que a ciência brasileira também brilha no exterior — e no universo. Além de pesquisadora, Duilia também se dedica à divulgação científica e ao incentivo à participação de mulheres nas ciências exatas e espaciais.
Johanna Döbereiner: desvendando a agronomia

(Johanna Döbereiner. Reprodução)
Você sabia que a soja brasileira dispensa fertilizantes nitrogenados graças à ciência feita aqui? Isso se deve, em grande parte, ao trabalho da cientista Johanna Döbereiner. Nascida na antiga Checoslováquia, radicou-se no Brasil, onde se dedicou ao estudo das bactérias fixadoras de nitrogênio – como os rizóbios – e sua relação com as plantas. Enquanto países como os EUA investiam pesado em fertilizantes químicos, Johanna apostava na força da natureza e provou que era possível cultivar soja de forma mais sustentável, eficiente e barata. O impacto foi gigantesco: a técnica economiza bilhões de dólares ao país todo ano e consolidou o Brasil como potência agrícola no cenário mundial. Uma mulher que usou o microscópio para transformar não só a lavoura, mas a economia e a ciência brasileira.
Nise da Silveira: saúde mental humanizada

(Nise da Silveira. Reprodução)
Quando falamos em saúde mental no Brasil, o nome de Nise da Silveira é indispensável. Médica alagoana formada na década de 1920, Nise revolucionou a psiquiatria ao se recusar a adotar os tratamentos violentos da época, como eletrochoques e lobotomias. Em pleno século XX, ela ousou propor algo radical: escutar os pacientes. No Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro (RJ), criou ateliês terapêuticos e usou a arte como ferramenta de expressão e cura para pessoas diagnosticadas com transtornos mentais. Fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, um acervo vivo da alma humana, e defendeu a relação com animais como parte do cuidado. Sua visão humanizada inspirou práticas que ainda hoje desafiam estigmas e ampliam horizontes sobre o que é “normal” e sobre o que significa cuidar.
Oswaldo Cruz: o herói da saúde pública

(Oswaldo Cruz. Reprodução)
Quando o Brasil enfrentava surtos de febre amarela, varíola e peste bubônica, foi Oswaldo Cruz quem liderou o combate. Médico, sanitarista, bacteriologista e epidemiologista, ele nasceu em São Paulo e se formou em Medicina no Rio de Janeiro. Estudou microbiologia e imunologia em Paris, no Instituto Pasteur, e, ao voltar ao Brasil, foi nomeado Diretor de Saúde Pública pelo presidente Rodrigues Alves. Enfrentou resistência ao promover campanhas de vacinação em massa, mas suas ações salvaram vidas e mudaram a forma como o país lidava com epidemias. Graças a ele, a febre amarela foi erradicada no Rio de Janeiro e a saúde pública passou a ser tratada com mais seriedade. Seu legado vive até hoje na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que segue na linha de frente da ciência e da saúde brasileira.
Vital Brazil: o antídoto contra o veneno

(Vital Brazil. Reprodução)
Se você conhece alguém que sobreviveu a uma picada de cobra, provavelmente tem uma dívida indireta com Vital Brazil. Médico, pesquisador e sanitarista, ele foi o responsável pelo desenvolvimento do soro antiofídico — que salva milhares de vidas todos os anos. Nascido em Minas Gerais, atuou em São Paulo e no Rio de Janeiro, fundando o Instituto Vital Brazil, referência mundial na produção de soros e vacinas. Vital dedicou 20 anos à saúde pública, enfrentando doenças como peste bubônica, febre amarela, varíola e tifo. Trabalhou no Instituto Butantan e desenvolveu pesquisas com toxinas de animais peçonhentos. Seu legado permanece vivo em cada dose de soro que chega a quem mais precisa, principalmente em regiões rurais e florestais do Brasil.