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Celebrando a importância dos dados na ciência com o Love Data Day Brasil 2025

Inspirado em movimento internacional, evento nacional quer conscientizar sobre boas práticas na gestão de dados e estimular a cultura de ciência aberta em universidades e centros de pesquisa

 

No dia 3 de junho de 2025, a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) realizará o Love Data Day Brasil, uma iniciativa em rede que busca mobilizar instituições, estudantes, profissionais e pesquisadores de todo o país para refletirem sobre a importância dos dados em todas as etapas do processo científico. O evento acontecerá em várias instituições, ao longo do dia, cada uma com programação específica, em torno do tema de dados abertos.

A programação inclui palestras, seminários, workshops, mesas-redondas, práticas e hackathons — exemplos de atividades típicas desse tipo de evento. Alguns dos eventos já definidos estão numa página especial online da SBC, que continuará a ser atualizada à medida que cheguem mais adesões.

 

Amor pelos dados

Fora do Brasil, a iniciativa já é tradicional: desde 2016 ocorre a Love Data Week, realizada na semana do Valentine’s Day (14 de fevereiro) em centenas de universidades da América do Norte, Europa e Oceania, com o objetivo de estimular a curiosidade e disseminar o conhecimento sobre boas práticas no uso e gestão de dados. O propósito inicial foi reforçar a conscientização sobre o papel central dos dados na pesquisa, nos negócios, no governo e na vida cotidiana. Desde então, transformou-se em um movimento global, com centenas de eventos realizados anualmente.

No Brasil, a primeira edição ocorreu em 2024, promovida pela Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp. Em 2025, a SBC amplia a proposta, convidando instituições de ensino e pesquisa a organizarem suas próprias atividades — presenciais ou online — com foco na promoção da cultura de boa gestão de dados. “Neste ano, o Love Data Day será no mês dos namorados no Brasil (junho) e vamos tentar continuar estendendo para outras universidades e centros de pesquisa nos próximos anos, sempre em junho”, explica Claudia Bauzer Medeiros, professora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com o Grupo de Trabalho em Ciência Aberta da SBC — composto por especialistas de diversas universidades e centros de pesquisa — a formação de uma cultura sólida de gestão de dados é fundamental para o avanço da ciência no país e para a consolidação de práticas de ciência aberta, um dos pilares das políticas públicas e da inovação tecnológica no século XXI.

“A conscientização passa pela necessidade de fazer com que pesquisadores entendam que só têm a lucrar no compartilhamento dos dados que produzem, pois isso promove colaboração, maior visibilidade e facilita auditoria. Obviamente, nem tudo pode ser aberto, mas a abertura é benéfica”, destaca Claudia Bauzer Medeiros. Para ela, o treinamento é essencial: “é preciso saber preparar os dados para compartilhar, senão quem quer reusar não vai entender. E, além disso, saber o que pode e o que não pode ser compartilhado, entrando em questões como direito autoral (dos dados), patente (dos dados) e outros”. O treinamento também inclui orientações sobre como garantir a autoria adequada dos dados, licenças de uso e demais aspectos. “Mas, para isso, cientistas brasileiros precisam valorizar a abertura de dados como uma forma de publicação e disseminação da ciência”, ressalta.

Claudia Bauzer Medeiros avalia que, embora o Brasil esteja atrasado em relação a regiões como América do Norte, Europa e Oceania, é pioneiro na América do Sul. Ela observa que a gestão ética de dados científicos já é praticada há décadas em algumas áreas, como Ciências Sociais e Saúde. “Agora, com a chegada da internet e de mecanismos de busca muito avançados, as questões éticas ficaram mais complicadas, e por isso é preciso que os comitês de ética se conscientizem que é preciso considerar novos algoritmos e novas formas de processamento de dados que tornam certas políticas ineficientes”, afirma. A pesquisadora também destaca a necessidade de formação especializada e a importância de reconhecer que dados e softwares, quando bem organizados e documentados, são parte da produção científica e intelectual de uma pesquisa: “São citáveis, referenciáveis e, em muitos países, promovem a reputação de um pesquisador. Basta ver o Prêmio Nobel de Física de 2024, concedido a dois pesquisadores em Computação, pelos algoritmos (e teoria associada) que criaram, ligados ao aprendizado de máquina (uma área da Computação)”, finaliza.

 

Como participar?

As instituições interessadas devem enviar suas propostas por meio de um formulário online. AA SBC se encarregará de consolidar as atividades em um hotsite, promovendo ampla divulgação. Além disso, conteúdos produzidos durante o evento, como vídeos e materiais didáticos, poderão ser publicados na SOL — a biblioteca digital de acesso aberto da SBC — e no canal de YouTube da entidade.

Blog Ciencia e Cultura

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