Conheça algumas brasileiras brilhantes que contribuíram para o desenvolvimento da ciência em diferentes áreas
Apesar de todos os desafios e preconceitos, a presença das mulheres na ciência é cada vez mais marcante. Ao longo da história do Brasil, muitas mulheres enfrentaram desafios estruturais, preconceito e falta de reconhecimento para se firmarem na ciência. Ainda assim, romperam barreiras, criaram soluções inovadoras, produziram conhecimento e deixaram legados poderosos. Celebrar suas trajetórias é também valorizar o futuro da ciência brasileira — mais plural, justa e transformadora. Essas cientistas representam diferentes áreas do conhecimento, gerações e regiões do Brasil, mas todas têm em comum o compromisso com o avanço da ciência e a transformação da sociedade. Conheça algumas dessas brasileiras brilhantes que contribuíram para o desenvolvimento da ciência em diferentes áreas.
Berta Gleizer Ribeiro

Antropóloga e etnóloga moldava-brasileira, Berta Gleizer Ribeiro construiu um legado essencial na preservação e valorização da cultura indígena no Brasil. Após separar-se do também antropólogo Darcy Ribeiro, dedicou-se intensamente ao estudo e à defesa dos saberes e fazeres dos povos indígenas, tornando-se uma autoridade em cultura material. Sua atuação incluiu pesquisas de campo, organização de exposições, publicações acadêmicas e a formação de coleções em museus — contribuindo para o reconhecimento da diversidade cultural indígena brasileira.
Bertha Lutz

Cientista e bióloga especializada em anfíbios, Bertha Lutz foi filha de Adolfo Lutz, referência em zoologia médica no Brasil. Foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro e descobriu uma nova espécie de sapo. Em 1919, tornou-se pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Além da ciência, teve forte atuação política: participou da Conferência das Nações Unidas em São Francisco, em 1945, onde lutou pela inclusão da igualdade de gênero na Carta das Nações Unidas.
Carolina Bori

Paulista nascida em 1924, Carolina Martuscelli Bori teve papel decisivo na consolidação da psicologia como ciência no Brasil. Formada em Pedagogia pela USP em 1947, foi convidada a lecionar psicologia na instituição no ano seguinte. Pioneira na pesquisa experimental e na introdução da Análise do Comportamento no país, liderou o movimento pela regulamentação da profissão de psicólogo, tendo recebido o registro número 1 do Conselho Regional de Psicologia. Atuou ativamente na institucionalização da área e presidiu a SBPC entre 1986 e 1989, sendo posteriormente aclamada presidente de honra.
Débora Diniz

Antropóloga, documentarista e especialista em bioética, Débora Diniz é professora licenciada da Faculdade de Direito da UnB. Fundadora do Instituto Anis — Bioética, Direitos Humanos e Gênero — atua principalmente na defesa dos direitos reprodutivos das mulheres e é uma voz importante no campo da justiça social e da saúde pública.
Débora Menezes

Professora titular do Departamento de Física da UFSC, tornou-se a primeira mulher eleita presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF). Suas pesquisas abrangem a física de hádrons, especialmente na interface entre física nuclear de baixas energias e partículas elementares.
Elisa Frota Pessoa

Uma das primeiras mulheres formadas em física no Brasil, destacou-se nos estudos sobre radioatividade. Foi cofundadora do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, onde coordenou o Laboratório de Emulsões Nucleares, sendo pioneira na estruturação da física experimental no país.
Elza Furtado Gomide

Primeira mulher a obter doutorado em matemática pela USP, foi chefe do Departamento de Matemática em 1968 e atuou como militante em prol do ensino científico de qualidade. Sua trajetória abre caminho para mulheres na matemática brasileira.
Enedina Alves Marques

A primeira engenheira negra do Brasil formou-se em engenharia civil pela UFPR em 1945. Atuou como professora e trabalhou em obras públicas e no desenvolvimento do Plano Hidrelétrico do Paraná, enfrentando tanto o racismo quanto o machismo com coragem e competência.
Graziela Maciel Barroso

Naturalista e botânica brasileira, ingressou no curso de biologia aos 47 anos e defendeu doutorado aos 60, após já atuar como naturalista. Tornou-se a maior taxonomista de plantas do país, com mais de 25 espécies nomeadas em sua homenagem. Recebeu a medalha internacional Millennium Botany Award, sendo a única brasileira laureada.
Jaqueline Mesquita

Matemática especializada em equações diferenciais, é professora da UnB e presidente da Sociedade Brasileira de Matemática. Com sólida formação e atuação internacional, é referência em análise funcional e equações dinâmicas, áreas fundamentais para aplicações científicas e tecnológicas.
Jaqueline Goes

Doutora em patologia humana e experimental pela UFBA, liderou a equipe que identificou os primeiros genomas do coronavírus no Brasil em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso. Desenvolve pesquisas sobre arboviroses emergentes no Instituto de Medicina Tropical da USP.
Johanna Döbereiner

Cientista que revolucionou a agricultura com suas pesquisas sobre fixação biológica de nitrogênio. Seu trabalho foi essencial para tornar o Brasil líder mundial na produção de soja sem dependência de fertilizantes químicos. Johanna consolidou uma filosofia de produção agrícola baseada na sustentabilidade e inspirou novas gerações de cientistas, especialmente mulheres.
Katemari Diogo Rosa

Professora da UFBA e doutora em educação em ciências pela Universidade de Columbia, atua na interseção entre ensino de física e questões de gênero, raça e sexualidade. Integra organizações nacionais e internacionais que defendem a diversidade na ciência.
Lélia Gonzalez

Doutora em antropologia, foi uma das pioneiras nos estudos sobre cultura negra no Brasil. Fundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro, articulou o feminismo negro a partir de uma perspectiva afro-latino-americana, fundindo saberes como o candomblé, a filosofia e a psicanálise.
Maria da Conceição Tavares

Nascida em Portugal, formou-se em matemática e, após migrar para o Brasil em 1954, graduou-se em economia pela UFRJ. Economista rigorosa e influente, foi pioneira no debate sobre desigualdade social no Brasil. Atuou no BNDE e no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. É considerada uma das maiores economistas do país, tendo formado várias gerações de economistas e influenciado o pensamento econômico crítico brasileiro.
Maria José Deane

Médica parasitóloga, formou-se na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, em 1937, e viajou o Brasil estudando doenças causadas por parasitas. Foi chefe do departamento de protozoologia da Fiocruz e na década de 1980 e, mais tarde, vice-diretora da instituição. Suas pesquisas contribuíram para a erradicação de epidemias causadas por parasita.
Márcia Barbosa

Diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), integrante da Academia Mundial de Ciências, professora e pesquisadora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em estudos relacionados à água, em 2020, foi eleita pela Forbes uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil.
Margareth Dalcolmo

Médica pneumologista, é professora da PUC-Rio e pesquisadora da Fiocruz. Durante a pandemia, destacou-se em seu engajamento no combate as fake news e na divulgação de informações sobre cuidados e vacinação.
Maria Beatriz do Nascimento

Considerada uma das grandes pesquisadoras dos estudos étnicos sobre o negro no país. Historiadora e ativista dos direitos humanos, Sua obra mais conhecida é o documentário Ori, de 1989.
Mayana Zatz

Referência na área da pesquisa em genética humana, reconhecida mundialmente. Em 1981, fundou a Associação Brasileira de Distrofia Muscular.
Mellanie Fontes-Dutra

Graduada em biomedicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutora em neurociência e pós-doutora em bioquímica. Com apenas 29 anos, organizou a Rede Análise Covid-19, grupo formado por profissionais de diversas áreas que divulgam informações científicas para o enfrentamento à Covid-19 em linguagem acessível.
Nadia Ayad

Formada em engenharia de materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), doutoranda em bioengenharia pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos e líder da Fundação Estudar. Recebeu o prêmio internacional Global Graphene Challenge Competition por criar um mecanismo sustentável que torna a água potável usando a dessalinização a partir do grafeno.
Nise da Silveira (1905-1999)

Quando falamos em psiquiatria no Brasil, Nise da Silveira é uma das primeiras pessoas lembradas. A alagoana, nascida na primeira década do século XX, desenvolveu um trabalho primoroso na área da saúde mental, revolucionando e humanizando o tratamento dado aos pacientes com transtornos psiquiátricos. Nos anos 40 foi médica no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro e aprofundou as pesquisas e tratamentos usando a arte e o convívio com animais (e tendo sucesso!) numa época em que os métodos utilizados em manicômios eram violentos e invasivos.
Simone Maia Evaristo

Bióloga formada pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, e especializada em Citologia Clínica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É presidente da Associação Nacional de Citotecnologia (Anacito) e supervisora na área de ensino técnico do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Sonia Guimarães

Primeira mulher negra doutora em física e também primeira mulher negra a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). É ativista na luta contra o racismo e a discriminação de gênero.
Sonja Ashauer

Primeira mulher brasileira a concluir o doutorado em física pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Pesquisou vários problemas relacionados à mecânica quântica.
Thelma Krug

Matemática, professora e pesquisadora com atuação na área de mudanças climáticas. Pesquisadora aposentada do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e vice-presidente do sigla em inglês para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização da ONU Graduou-se e fez mestrado na Roosevelt University, nos Estados Unidos, concluindo o doutorado em estatística espacial pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra.
Vivian Miranda

Única brasileira a trabalhar em um projeto da Nasa para desenvolver um satélite avaliado em US$ 3,5 bilhões (R$ 16,74 bilhões). Graduada em física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é a primeira transexual a cursar pós-doutorado em astrofísica na Universidade do Arizona (EUA), onde também é pesquisadora.
Viviane dos Santos

Desenvolveu um produto catalisador que reduz emissão de gases poluentes, recebendo premiação máxima em 2010 em uma conferência na Finlândia, onde concorreu com 800 pesquisadores. Estudou bioquímica e engenharia química na Delft University of Technology.


