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O mundo precisa de mais mulheres nas carreiras STEM

Em mesa-redonda realizada durante Jornada da SBPC no Dia Internacional das Mulheres, pesquisadoras afirmam que ainda existe inequidade de gênero nas ciências exatas e que diversidade é fundamental para a ciência

É preciso aumentar a presença de mulheres nas ciências exatas. Essa foi a conclusão unânime da mesa-redonda Mulheres na ciência STEM — Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática”, realizada na última terça-feira (08). O evento fez parte da Jornada do Dia Internacional das Mulheres, realizado de forma online pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

O objetivo do evento foi discutir as várias dimensões da mulher no contexto atual, dar maior visibilidade e, ao mesmo tempo, incentivar a fazer parte da carreira acadêmica. Com moderação de Vanderlan Bolzani, professora  do Instituto de Química (IQAr) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), membro do Conselho da SBPC e presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), o debate contou com a participação de Jaqueline Godoy Mesquita, professora do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB), membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e secretária regional da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), Tatiana Roque, professora do Instituto de Matemática e coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Débora Menezes, professora do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF).

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam apenas 35% dos estudantes matriculados em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática, em inglês), nas universidades. O porcentual é ainda menor nas engenharias de produção, civil e industrial, e em tecnologia, não chegando a 28% do total. No mundo corporativo, este número é ainda mais baixo. O cenário é preocupante porque essas áreas representam excelentes oportunidades de trabalho e desenvolvimento para as brasileiras, além de serem campos promissores para inovação.

“Quando eu estava no curso de Matemática, foi um choque. Basicamente não havia mulheres na minha turma. E também eu quase não tive professoras mulheres. Isso, para mim, foi algo muito complicado. Eu tive uma sensação de não pertencimento durante minha graduação”, contou Mesquita.

Para Roque, é essencial discutir a questão de representatividade nessas áreas da ciência. Porém, existe também uma dimensão epistemológica que não deve ser ignorada. “Muitas vezes nós vemos algumas habilidades como sendo intrinsecamente dos homens e que, portanto as mulheres não poderiam seguir determinada carreira porque demandam, por exemplo, habilidades como capacidade de abstração, que muitas vezes são associadas à habilidade matemática e não são associadas às mulheres. E isso acaba se tornando uma barreira para que as mulheres sigam carreira nessas áreas”.

Diversidade produtiva

A diversidade tem se consagrado como uma das estratégias para alcançar melhores resultados. Vários estudos vêm comprovando que ambientes mais diversificados, onde as colaborações entre lideranças masculinas e femininas são robustas, é perceptível aumento de produtividade. Isso porque proporcionam um ambiente propício para a inovação e o engajamento. “A ciência precisa de mais diversidade, da mesma forma que as indústrias, o setor produtivo, o setor bancário. Quanto mais diverso, mais eficiente, mais produtivo”, afirmou Menezes.

Para a pesquisadora, é necessário pensar em mecanismos para atrair e também para manter as meninas e as mulheres na vida acadêmica, alinhadas às áreas STEM. Mesquita concorda: “Nós precisamos de mais representatividade, de mais balanço de gênero. O mundo precisa de ciência e a ciência precisa de mulheres”.

Para Bolzani, já foram feitos grandes avanços, mas ainda há muito a ser feito: é preciso ações efetivas de todos os seguimentos sociais para não apenas incentivarem, mas darem oportunidades para as meninas seguirem carreiras nestas áreas, tradicionalmente dominadas por homens. Modelos de mulheres líderes que as representem são exemplos e incentivos concretos e mostram que a igualdade de gênero é salutar em todos os campos do conhecimento, especialmente nas ditas “ciências duras”. Homens e mulheres trabalhando juntos, em sintonia, poderão tornar o mundo um lugar melhor. “Espero que possamos continuar cada dia mais incentivando nossas meninas e mostrando que elas podem fazer o que elas quiserem”, disse. “A única forma que temos de mudar o cenário que estamos vivendo é através da educação”, finalizou.

Assista aqui ao evento na íntegra.

Jornal da Ciência

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