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Público da 74ª Reunião Anual da SBPC poderá passear por instalações de artes espalhadas pelo campus da UnB Darcy Ribeiro

Parte do acervo da UnB está disponível para apreciação em Museu a céu aberto em diferentes pontos

O retorno às atividades presenciais na Universidade de Brasília, no dia 6 de junho, trará a oportunidade de um reencontro não apenas entre a comunidade acadêmica, mas também com intervenções artísticas memoráveis espalhadas pelos diferentes espaços da instituição. No campus Darcy Ribeiro, uma breve caminhada desde a L3 Norte até as áreas verdes e os prédios das unidades acadêmicas e administrativas pode revelar este variado acervo de arte. O Mudeu a céu aberto será também uma das atrações para o público que participará da 74ª Reunião Anual da SBPC, que acontece de 24 a 30 de julho pelos quatro campi da Universidade.

Entre as obras, uma chama bastante atenção: trata-se de um grande meteoro, suspenso do solo por cabos de aço fixos a dois postes de alta tensão, levemente inclinados.

Intitulada Sob campo de tensão, a arte, encontrada em frente à Faculdade de Educação, acaba de ser reinstalada pela estudante de Artes Visuais do Instituto de Artes (IdA) da UnB e autora, Marilu Cerqueira (53), após ter se desprendido dos cabos de aço. A instalação ganhou notoriedade em 2018, quando foi exibida pela primeira vez no trecho que margeia a via L3 Norte. “A gente está vivendo em um mundo tão louco que as pessoas acreditaram realmente que caiu um meteoro de verdade aqui no campus”, lembra a artista, que se diverte com os comentários sobre a obra e as diferentes impressões que ela causa em quem passa pelo local.

Marilu conta que um documentário sobre a instalação está sendo produzido com previsão de lançamento ainda este semestre. Além de mostrar o processo de criação, o filme trará depoimentos de pessoas que tiveram contato com a instalação. “É um caso de site specific art, em que o lugar faz parte da elaboração da obra”, explica. Neste caso, um espaço amplo da Universidade, sem interferência de prédios ou casas, que pode ser acessado a pé, de bicicleta ou carro, localizado próximo a uma barreira eletrônica de controle de velocidade.

Com aproximadamente 2 m de diâmetro e 150 kg, o meteoro é feito de espuma de poliuretano misturada com pedras e, em seu interior, está contido todo o lixo produzido pela própria artista durante a execução da obra, como pedaços de pincéis velhos e restos de jornais. Os postes de alta tensão foram doados pela antiga Companhia Energética de Brasília (CEB), que ajudou a instalá-los em 2018. “Eram postes que estavam no depósito e não podiam ser aproveitados”, destaca.

Agora a obra ganhou reforço na base, nova pintura e foi reerguida com a ajuda da Prefeitura da UnB. “Não sei se, por causa do vento, a pedra virou e acabou encostando no chão com o desgaste natural dos cabos de aço”, conta Marilu. “É um trabalho bastante pesado manter a instalação, mas acredito que ela ainda tem uma mensagem a passar, já que vivemos um momento político de muita tensão”, diz.

Primeira instalação contemporânea com essas dimensões a ser montada no campus Darcy Ribeiro, Sob campo de tensão foi criada na disciplina Escultura 2, ministrada pelo professor Miguel Simão. A arte está na lista de obras a serem avaliadas por uma comissão especializada para compor o catálogo do acervo artístico da UnB. A obra acaba de completar quatro anos no campus, sem data para ser desmontada.

Marilu Cerqueira é formada em Comunicação Social, com mestrado em Artes e Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio). Ingressou no Instituto de Artes (IdA) em 2014, como portadora de diploma de curso superior. “Cheguei a Brasília e senti a necessidade de interagir com a cidade. Além de conhecer gente nova, o curso de Artes Visuais na UnB me permitiu explorar outras linguagens artísticas para além da minha área de atuação, que é a fotografia”, conta. Parte de seu trabalho como fotógrafa foi exibido, em 2016, no Museu Nacional da República, em Brasília, na mostra Murmuro Bè Afrik, que traz registros seus na República Centro-Africana.

Para Marilu, a arte tem a importância de estimular a imaginação, provocar, tocar as pessoas de alguma forma, especialmente pessoas comuns, que não são especialistas e estão fora do circuito das artes. “Se a arte consegue tirar uma pessoa da rotina, causar espanto, mudar o humor, estimular a imaginação e a reflexão, ou transformar as ideias de alguém, nem que seja por alguns segundos, ela já está cumprindo o seu papel”, acredita a artista.

Museu a céu aberto

Aqueles que se dispuserem a caminhar pelo campus Darcy Ribeiro poderão se deparar com outras obras de arte, a maioria delas doadas à Universidade de Brasília pelos próprios artistas. Parte das peças estão em áreas externas, nos gramados e jardins, e integradas à arquitetura, caso de esculturas e azulejarias.

Confira imagem com um panorama das obras

Entre elas, estão esculturas de Bruno Giorgi, Victor Brecheret e Alfredo Ceschiatti, artistas emblemáticos do modernismo brasileiro. No IdA, no prédio Oficinas Especiais, o caminhante estará diante do painel de azulejos de Athos Bulcão, outro ícone do modernismo.

Obras contemporâneas também estão espalhadas pelo campus. Feita de bronze em tamanho natural, a estátua de John Lennon (1984) pode ser vista ao lado do Restaurante Universitário. A obra foi doada em 1995 à Universidade de Brasília pela artista Ivna Duvivier, por sugestão do urbanista Lúcio Costa. Em frente ao RU, há ainda um mosaico em homenagem à memória do estudante Honestino Guimarães, desaparecido durante a ditadura militar.

Na Reitoria, o visitante irá se deparar com a obra em madeira Olho o verde vejo o azul (1997), de Jayme Golubov. O artista é também o autor do mural de azulejos instalado, em 1998, no Posto Ecológico da UnB. Jayme Golubov foi professor de Arquitetura na UnB.

Em frente à Faculdade de Educação, está a obra em ferro Monumento à cultura (1965), de Bruno Giorgi. Ainda na FE, pode-se apreciar a Índia Bartira (1952), de Victor Brecheret, escultura em bronze sobre pedestal de granito que foi adquirida por Darcy Ribeiro, em 1962, para compor o conjunto cultural da faculdade.

Parte do acervo da Biblioteca Central (BCE) da UnB, a estátua Minerva (1963), de Alfredo Ceschiatti, pode ser vista no saguão do prédio. Ao lado da BCE, repousa o busto de Simón Bolívar, o libertador das Américas. Já na Faculdade de Direito, estão os bustos dos juristas Aureliano Cândido Tavares Bastos, Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e Carlos Álvares da Silva Campos.

O primeiro esforço de catalogação das obras de arte do campus aconteceu em 1997. Quase dez anos depois, houve uma segunda iniciativa com a criação da Comissão de Preservação do Patrimônio Artístico da UnB. A atividade deu início a um trabalho de sistematização e conservação dos bens artísticos da Universidade e resultou na publicação do livro Acervo de arte, em 2014, pela Editora UnB. O exemplar traz uma seleção de obras representativas do acervo.

Com informações de UnB Notícias

 

Imagem de capa. Universidade de Brasília
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