A Astronomia, a arte náutica, a cartografia celeste e o necessário desenvolvimento paralelo da Matemática e Geometria passaram às mãos dos concorrentes belgas, holandeses, ingleses e franceses.[1] Vale a pena explicar essa decadência. Desde os séculos 14 e 15 as lideranças cristãs da Espanha e Aragão já promoviam ataques a minorias religiosas que culminaram em massacres contra os judeus. Nada disso havia em Portugal onde o clero não participava do poder político. Os monarcas lusitanos puderam se manter religiosamente tolerantes e foi quando os projetos náuticos prosperaram. Mas em 1496, os reis católicos da Espanha que, desde a fundação do domínio espanhol impuseram a religião católica, exigiram que D. Manuel I, rei de Portugal na chegada de Cabral ao Brasil, expulsasse os judeus do seu reino. Se não, os reis católicos não permitiriam que ele se casasse com Isabel, filha deles. D. Manuel I cedeu a essa exigência. Para piorar, a violência persecutória só aumentou porque D. João III, seu sucessor, foi mais fanático e intolerante que seu pai. Durante seu reinado, em 1536 a terrível Inquisição, em nome do combate às heresias foi introduzida em Portugal, sendo extinta só um anos antes da nossa Independência. Assim, já na segunda década do século 16 não havia astrônomos em Portugal. O último desse glorioso período foi o matemático e cosmógrafo-mor do reino de Portugal, Pedro Nunes (1502-1578), famoso inventor do nônio, que morreu em 1578. Assim foi-se embora a primazia marítima.
Na cartografia universal, a partir de 1630 dominaram cartógrafos e publicadores de mapas como Gerardus Mercator e Abraham Ortelius, da Antuérpia, Willem Blaeu, um brilhante pioneiro nesse campo, Jodocus Hondius, Nicolaes Visscher I e II e Gerard van Schagen, todos de Amsterdã. Mas na produção cartográfica cabe diferenciar a coleta de dados in loco e a elaboração de mapas para uso a bordo, da edição final de cartas e atlas artisticamente elaborados para um público mais amplo. De publicações cartográficas Portugal esteve sempre afastada e sobrepujada pelos publicadores holandeses.