P. Jacobo Cocleo (1628-1710)

O missionário e cartógrafo francês Jacobo Cocleo, também jesuíta, partiu de Lisboa para a Missão do Maranhão em 1660, passando antes por Pernambuco. Trabalhou na Missão do Ceará entre 1662 e 1671, retornou a Pernambuco e foi para a Bahia. Depois foi reitor do colégio do Rio de Janeiro e faleceu na Bahia. De sua autoria é o Mapa da maior parte da costa, e sertão, do Brasil / Extraído do original do P.e Cocleo, cuja cópia se encontra no acervo do Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro. O original dataria aproximadamente de 1700. A análise de cópias daquela época é dificultada porque o original era feito para ser copiado, o que dava origem a cópias de cópias (com falhas), nas quais ainda eram introduzidas novas informações. Não se sabe da fonte das informações cartográficas, mas o mapa de Cocleo é “uma síntese dos conhecimentos acumulados pelas entradas e bandeiras durante os séculos XVI e XVII.”,[1] sendo bem representativo do final do século 17. O mapa cobre o litoral oriental do Brasil, desde a ilha do Maranhão até Laguna, SC (respeitando o meridiano de Tordesilhas), o antigo Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, o sertão baiano com destaque para a parte central da bacia do São Francisco e rios do oeste, serras até as lendárias como o Sabarabuçu, nosso equivalente imaginário de Potosí,[2] cidades, vilas, fazendas etc. É utilizada a projeção de Mercator e na orientação o Norte é colocado para a direita.[3] Uma análise cartográfica digital quantitativa [4] concluiu que a precisão média da latitude e da longitude é 0,5º, um resultado excelente. Especula-se que já teriam sido utilizadas medições baseadas no método de eclipses dos satélites de Júpiter. Essa análise detectou distorções no perfil litorâneo do norte e nordeste variando entre 3º e 5º, que podem ter originado da utilização de diferentes fontes já afetadas desses desvios.

Um outro mapa contemporâneo é America Meridionale (1692), do franciscano, cosmógrafo e produtor de mapas e globos veneziano, Vicenzo Maria Coronelli (1650-1718) em que o Brasil aparece dividido em capitanias.


Notas
[1] Machado, Maria Márcia Magela e Renger, Friedrich Ewald, Os primórdios da ocupação de Minas Gerais em mapas, Revista Brasileira de Cartografia, 67, 4, 759-771, 2015.
[2] Delvaux, Marcelo Motta, Cartografia imaginária do sertão, Revista do Arquivo Público Mineiro, 46, 2, 74-87, 2010.
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=http%3A%2F%2Fwww.siaapm.cultura.mg.gov.br%2Facervo%2Frapm_pdf%2F2010D11.pdf&clen=462410&chunk=true
[3] Santos, Márcio Roberto Alves dos, A cópia setecentista do mapa de Jacobo Cocleo: leituras e questões,
Anais do I Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica, 1-16, 2011.
[4] Cintra, Jorge Pimentel; Costa, Antonio Gilberto e Oliveira, Rafael Henrique, O mapa do Padre Cocleo: uma análise cartográfica, SILO.TIPS, 2017.
https://silo.tips/download/o-mapa-do-padre-cocleo-uma-analise-cartografica-the-map-of-father-cocleo-a-carto
Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente tem se dedicado à História da Astronomia no Brasil.
Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente…
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