Instrumentos e livros de Capassi e Soares para a demarcação de fronteiras

Uma expedição que Capassi realizou entre 1726 e 1727 pelo centro e norte de Portugal, teria sido um ensaio para a missão cartográfica na América Portuguesa. Nela ele determinou rigorosamente as coordenadas geográficas de Coimbra, Porto e Braga. Por se tratar de expedição, foram utilizados instrumentos precisos, mas portáteis, com atenção para os ajustes, calibrações e eventuais reparos. Muito possivelmente trouxeram para o Brasil os instrumentos e livros utilizados nessa expedição. Dentre eles, um telescópio de Campani de 30 palmos; uma pêndula de Graham (facilmente transportável) e um sextante de 3 pés; tabelas matemáticas e astronômicas de La Hire e Kepler e uma tabela de refração de Halley, publicada nas “Philosophical Transactions”.

Uma carta escrita de Londres em setembro de 1729 discorre sobre várias encomendas realizadas por Carbone, ao que tudo indica, relacionadas com a ida dos matemáticos jesuítas para o Brasil. Entre os itens encomendados encontram-se o Atlas Celeste de Flamsteed; as Tabelas Astronômicas de Halley; um quadrante portátil de 18 polegadas de raio; uma pêndula de Graham de 18 polegadas de altura, 10 de largo e 8 de fundo, movida por uma mola em vez de peso, com erro máximo de 5 s por dia; dois estojos de instrumentos matemáticos.

Há um documento inédito que revela informações preciosas sobre o aparato instrumental de Soares. Em 1732 ele realizou diversas compras de material e realizou diversos reparos nos instrumentos, que estão documentados nesse manuscrito. Estão aí listados estilos (penas) e uma prancheta para desenhar, chumbo e arame para doze prumos – provavelmente destinados às sondagens – e madeira, dobradiças e fechadura para a caixa de transporte do óculo longo. Ou seja, Soares tinha os equipamentos para realizar determinações astronômicas de longitude, apesar de apenas ser conhecida, de sua autoria e na documentação manuscrita, a longitude de Vila Boa, em Goiás. Outro instrumento referido e que sofreu reparos em Vila Rica foi um astrolábio. A sua tipologia assemelha-se muito à do astrolábio náutico. Com os seus 51 cm de diâmetro externo e pesando 10 kg, devia ser montado em uma base fixa, ser dotado de uma lente na parte superior da alidade e de uma escala transversal que permitiam medições angulares com precisão de até 4’.

Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente tem se dedicado à História da Astronomia no Brasil.
Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente…
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