Alexandre de Gusmão (1695-1743)

Alexandre de Gusmão era brasileiro, nascido em Santos, SP. Era irmão mais novo de Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o conhecido Padre Voador, inventor da Passarola. O nome Alexandre de Gusmão, assim como o Gusmão de Bartolomeu foram adotados em homenagem ao preceptor de ambos, o padre jesuíta Alexandre de Gusmão (1629-1724),[1] fundador e reitor do Seminário de Belém da Cachoeira, no Recôncavo Baiano. O seminário era para educar os meninos nos bons costumes e torná-los bons cristãos. Além disso deveriam aprender a ler, escrever, fazer contas e conhecer clássicos. Apesar do nome, o seminário aceitava também meninos que não pretendiam seguir carreira eclesiástica ou que não viessem de famílias abonadas. Tanto Alexandre como o irmão Bartolomeu estudaram nesse seminário. Alexandre, mais novo, foi depois para Lisboa morar com Bartolomeu que já tinha feito sucesso na corte de D. João V, mostrando seu aeróstato.

Frequentando a corte com o irmão, Alexandre caiu nas graças de D. João V que o escolheu para ser secretário da Embaixada de Portugal, na corte de Luís XV em Paris. Lá cursou Direito e voltou formado para Lisboa. Adquiriu sólido conhecimento em história política, sobre tratados e acordos internacionais. Em Madri tomou conhecimento do Tratado de Utrecht. Depois exerceu atividades de cunho diplomátivo em vários lugares. De volta a Lisboa foi nomeado secretário particular do rei, chegando praticamente a dirigir a política externa de Portugal. Para assegurar a posse na região ao sul do Brasil, Gusmão iniciou em 1746 o projeto de colonização por povoamento, trazendo casais de açorianos. A ideia era povoar com famílias, não com escravos.

De 1746 a 1750 negociou com a Espanha o Tratado de Madri. Nessa tratativa Gusmão utilizou o conceito de fronteiras naturais, isto é, definidos por acidentes geográficos naturais, e o direito a território baseado no princípio jurídico chamado uti possidetis, que dá direito ao território aos que, de fato, o ocupam, uma espécie de usucapião. O Tratado de Madri anulou o Tratado de Tordesilhas e, ao mesmo tempo, os portugueses como primeiros ocupantes ganharam grosso modo a região correspondente aos atuais estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas e Pará, oferecendo como compensação para a Espanha, territórios da Ásia que a Espanha vinha disputando com Portugal há um bom tempo, abrindo mão também da Colônia do Sacramento no rio da Prata, mas reivindicando da Espanha a região dos Sete Povos da Missões no Rio Grande do Sul, na margem oriental do rio Uruguai.

Tão logo D. João V faleceu em 1750, após ter assinado o Tratado de Madri, Alexandre de Gusmão afastou-se da vida pública com o advento de D. José I e seu Primeiro Ministro, Pombal, seu desafeto. Perdendo mulher e filhos num incêndio em sua residência, pouco depois ele também morreu em 1753 com 58 anos.


Notas
[1] Toledo, Cézar de Alencar Arnaut de e Araújo, Vanessa Freitag de, O pensamento educacional de Alexandre de Gusmão (1629-1724) in Anais do IV Encontro Internacional de História Colonial. Jesuítas, expansão planetária e formas de cultura, Rafael Chambouleyron e Karl Heinz Arenz (Orgs.), Vol. 4, 251-263, Belém, Editora Açaí, 2014.
Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente tem se dedicado à História da Astronomia no Brasil.
Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente…
1 comment
  1. Eu resido na cidade de Cachoeira, Bahia, onde o padre Alexandre de Gusmão fundou em 1686, o Seminário de Belém e exerceu também a função de reitor.Neste seminário na nave da igreja tem uma grande lápide no chão com o nome do fundador e data de nascimento e morte. Alguém sabe me dizer que os restos mortais do padre se encontra guardada nesta lápide na Vila de Belém, que pertence ao município de Cachoeira, na Bahia?
    Leio varias biografias sobre o padre Alexandre Gusmão que afirmam que ele faleceu na Espanha. Não consigo entender porque existe uma grande lápide do interior do corpo do Seminário de Belém? É uma homenagem?
    Favor, me ajudar a decifrar este enigma. ficarei muito grato.
    Muito obrigado,
    Antonio Moraes Ribeiro
    antmoraes@uol.com.br

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