Demarcação territorial no Cabo do Norte

Grão-Pará e Maranhão constituíam ora estados separados, ora unidos. Em 1772 foram divididos em Estado do Grão-Pará e Rio Negro, com sede em Belém, e Estado do Maranhão e Piauí, com sede em São Luís. Já em 1774 foram reunidos numa só capitania. Mas o importante é que a vasta região dessa capitania sempre esteve desligada do resto do Brasil, todavia ligada diretamente a Lisboa. Nesse sentido, essa vasta região se diferenciava do resto da América portuguesa por ter mais presente o distante poder real, o que talvez explique a dificuldade de negociação e entendimento entre as autoridades francesas de Caiena e portuguesas de Belém.

O território de litígio, Território Contestado Franco-Brasileiro, ficava entre os rios Araguari e Oiapoque. Entre os moradores havia: indígenas, escravizados africanos, colonos empobrecidos, fugitivos da justiça, militares desertores e posseiros. Esses moradores não pertenciam a nenhum dos lados, França ou Portugal, formando os mocambos fora do controle e ordenação dos impérios ultramarinos europeus.[1]

Em 1897 o Brasil conseguiu um acordo com a França de submeter esse litígio à arbitragem do governo suíço. Finalmente em 1900 esse governo entregou ao defensor brasileiro, o Barão do Rio Branco, o laudo arbitral em que a Suíça dava razão ao Brasil na disputa com a França nessa questão.[2]

O problema das fronteiras extravasou o século 20. Mais negociações, além das descritas aqui ainda foram necessárias na monarquia e na República Velha, entre o Brasil independente e as nações sul-americanas vizinhas, que também se tornaram independentes, mas sem que desfigurassem muito aquele Brasil do Mapa das Cortes.


Notas
[1] Costa, Paulo Marcelo Cambraia da, Em verdes labirintos: a construção social da fronteira franco-portuguesa (1760-1803), Tese de Doutorado em História, PUC, São Paulo, 2018.
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/21168/2/Paulo%20Marcelo%20Cambraia%20da%20Costa.pdf
[2] Granger Stéphane, O Contestado Franco-Brasileiro: desafios e consequências de um conflito esquecido entre a França e o Brasil na Amazônia, Revista Cantareira, Edição 17, 21-39, 2012.
https://periodicos.uff.br/cantareira/article/view/27891/16299
Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura

Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente tem se dedicado à História da Astronomia no Brasil.
Oscar T. Matsuura é docente aposentado do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, onde liderou o Grupo de Astrofísica do Sistema Solar. Foi diretor do Planetário e Escola Municipal de Astrofísica Prof. Aristóteles Orsini em São Paulo e é pesquisador colaborador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI). Ultimamente…
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe:

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Palavras-chaves
CATEGORIAS