O que acontecia nas outras regiões durante a Semana de Arte Moderna de São Paulo?
A centralidade de São Paulo e o modernismo nas diferentes regiões do País estão no centro do debate neste vídeo que traz as análises da professora Maria Arminda do Nascimento Arruda (USP) e dos professores Durval Muniz de Albuquerque Jr. (UFRN) e Luís Augusto Fischer (UFRS).
Para Albuquerque, o modernismo de São Paulo tinha a pretensão de homogeneizar a cultura nacional. “Era um projeto de hegemonia cultural das elites paulistas”, diz. “O que está acontecendo neste momento (do centenário da Semana de 22) é o questionamento desta metanarrativa consagrada do modernismo, elaborada por Mário de Andrade e referendada pelo Estado Novo”, avalia o pesquisador, que identifica inclusive uma disputa regional pela própria origem do modernismo. “A novidade do modernismo é justamente propor uma cultura brasileira e uma arte brasileira”, conclui.
A Semana de 22 foi um marco de uma vanguarda organizada e estava dentro de um contexto de renovações que aconteciam naquele momento, afirma Fischer. Ele lembra que a força econômica de São Paulo, graças ao café, impulsionou a criação do aparelho estatal paulista, permitindo inclusive a criação da Universidade São Paulo (USP). “Nesta hora que estamos fazendo um debate aberto, aproveitando o centenário, temos que revirar este passado e dar uma assoprada nas brasas para reacender este fogo”, conclui.
“A proeminência de São Paulo e o modernismo têm sido muito discutidos hoje”, destaca Arruda, “como se fosse uma construção de São Paulo, sobretudo uspiana”. Segundo a pesquisadora, esse é um tema de debate que aparece em todos os lugares, “um debate que nunca termina, mas fala muito mais das pessoas do que propriamente do que aconteceu”. Para Arruda, “não pode dizer que é só São Paulo, mas também não pode dizer que não faz sentido”. A professora entende que o modernismo foi identitário, no Brasil e na América Latina.
Assista aqui o vídeo na íntegra.