Brasil responde por 10% da perda direta de florestas tropicais relacionada à mineração, causada principalmente pela extração de minério de ferro e ouro
O desmatamento causado pela mineração ocorre muito além dos limites da área de concessão, e a extensão total dos impactos ambientais é subestimada e pouco considerada, alerta artigo publicado na revista PNAS.
Segundo o estudo, 3.264 km2 de floresta tropical foram perdidos diretamente devido à mineração industrial, e 80% da perda ocorreu em apenas quatro países, dois deles latino-americanos: Indonésia, Brasil, Gana e Suriname.
A Indonésia sozinha foi responsável por 58% do desmatamento tropical causado diretamente pela atividade (1.901 km2), especialmente devido à mineração de carvão. O Brasil responde por 10% da perda direta de florestas tropicais relacionadas ao setor (327 km2), causada principalmente pela extração de minério de ferro e ouro. Enquanto isso, a mineração de bauxita e ouro impulsionaram o desmatamento em Gana e Suriname, que estão respectivamente em terceiro e quarto lugar no ranking do novo estudo.
Além da perda florestal direta, que ocorreu na área autorizada para atividade industrial, os pesquisadores também analisaram o desmatamento fora dos locais designados, principalmente induzidos pela infraestrutura de acesso. Desta forma, constataram que em 18 dos 26 países investigados há maior desmatamento próximo às minas. Portanto, os especialistas estimam que para cada metro de expansão da mina haverá quilômetros de perda adicional de floresta.
O estudo relata que as maiores taxas de desmatamento foram observadas entre 2010 e 2014, impulsionadas por fatores como aumento da demanda e má governança. No Brasil, de acordo com o estudo, as perdas florestais devido à mineração diminuíram a partir de 2014, devido à queda dos preços mundiais das matérias-primas e à crise econômica do país. No entanto, as atuais tentativas de flexibilizar a mineração são motivo de preocupação. O relatório anual do projeto Mapbiomas aponta para um aumento de 20% no desmatamento, principalmente nas áreas de mineração. É importante ressaltar que o estudo publicado na PNAS não incluiu a mineração ilegal.
Com informações de SciDev.Net