Povos indígenas de todo o mundo lutam para manter vivas suas línguas maternas.
CULTURA
Os povos indígenas representam menos de 6% da população global, falando mais de 4.000 das cerca de 6.700 línguas do mundo. Os dados são do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA). Para preservar essa rica diversidade cultural, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou em dezembro a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022/2032) para ajudá-las a sobreviver e protegê-las da extinção.
Preservar essas línguas não é importante apenas para os povos indígenas, mas para toda a humanidade, já que eles são os herdeiros e praticantes de culturas e formas únicas de se relacionar com as pessoas e o meio ambiente. Os povos indígenas são guardiões de quase 80% da biodiversidade restante no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
“A cada língua indígena que se extingue, também se extingue o pensamento: a cultura, a tradição e os saberes que ela carrega. Isso é importante porque precisamos urgentemente de uma transformação radical na forma como nos relacionamos com nosso meio ambiente”, disse o presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Kőrösi. Ele pediu aos países que atuem com as comunidades indígenas para proteger seus direitos, como acesso à educação e recursos em seus idiomas nativos, e garantir que seus conhecimentos não sejam explorados. Também afirmou que os povos indígenas devem ser consultados e envolvidos, de forma significativa, em todas as etapas dos processos de tomada de decisão.
Sinal de alerta
Estimativas conservadoras indicam que mais da metade de todas as línguas serão extintas até o final deste século. A redução dramática do uso e a substituição acelerada das línguas indígenas pelas línguas das sociedades majoritárias coloca a diversidade linguística em risco.
O Brasil possui 817.963 mil indígenas de 305 diferentes etnias, que falam 274 línguas indígenas, segundo dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esses dados serão atualizados com a realização do Censo 2022, o primeiro desde 2010 apresentando um novo retrato dos indígenas no Brasil e contribuindo para a formulação de políticas públicas em prol dessas populações. Deste total, 190 correm o risco iminente de desaparecer, segundo o Atlas das Línguas em Perigo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O mapa reúne línguas em perigo no mundo todo – e o Brasil é o segundo país com mais idiomas que podem entrar em extinção, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Preservar essas línguas é essencial para as comunidades indígenas, pois a linguagem é fundamental para os direitos políticos, econômicos, sociais, culturais e espirituais.