Países mais pobres e vulneráveis são mais afetados pelo aquecimento global
A mudança climática afeta desproporcionalmente as pessoas mais vulneráveis, causando um aumento de mortes maior do que o observado nas nações mais ricas. Isso é o que aponta o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), conhecido como AR6, o mais abrangente publicado até hoje sobre os impactos do aquecimento global no planeta.
O documento revela que secas mais frequentes e intensas, ameaças aos alimentos e à água, doenças e perdas de vidas já se verificam como consequência das alterações climáticas, com pandemias e conflitos a dificultar a sua gestão.
Quase metade da população mundial vive em regiões vulneráveis às mudanças climáticas, segundo o relatório. Ainda, as mortes por enchentes, secas e temporais aumentaram 15 vezes nessas regiões na última década.
Sinal de alerta
O relatório apontou vários sinais de alerta. Um delas é o risco de perda de biodiversidade em sistemas naturais e humanos pode variar, dependendo do aumento da temperatura, passando despercebido ou, pelo contrário, afetando até 40% das espécies, principalmente na América Central e no Caribe.
Outro impacto muito significativo é na saúde humana. Dependendo da região, com um aumento de 2°C, a população estará em risco devido ao aumento da temperatura e umidade.
Além disso, as mudanças climáticas também alterarão a produção de alimentos. A expectativa é que a produção de milho e a pesca diminuam significativamente com o aumento das temperaturas. O documento também indica que os pequenos agricultores são os mais afetados pelas mudanças climáticas, pois recebem menos de 2% do financiamento climático.
Soluções
A ênfase na implementação de soluções diferencia este documento dos anteriores. Para manter o aquecimento global em 1,5 oC acima dos níveis pré-industriais, o relatório diz que são necessários cortes profundos, rápidos e sustentados nas emissões de gases de efeito estufa em todos os setores, deixando claro que o ritmo e a escala das taxas de câmbio atuais não são suficientes. O objetivo é reduzir as emissões quase pela metade até 2030 se o aquecimento for limitado a 1,5 oC, conforme recomendado pelo IPCC.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, propôs acelerar a agenda em direção a um Pacto de Solidariedade Climática em que grandes emissores reduzam ainda mais suas emissões e apoiem as economias emergentes a fazerem o mesmo.
Com informações de SciDev.Net