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Diversidade na educação superior

Como a introdução das políticas de cotas e as ações afirmativas modificaram as relações no interior das universidades? 

 

A partir dos anos 1990, houve uma forte expansão do ensino superior no Brasil, alimentada pela criação de universidades e dos institutos federais, especialmente no interior. Ao mesmo tempo, houve um processo de democratização no acesso às universidades, alicerçado em políticas públicas para inclusão de alunos vindos da escola pública, de negros e pardos. Isso mudou o perfil dos estudantes que habitualmente frequentavam o ensino superior no Brasil.

Se no início dos anos 1990, oito entre 10 alunos eram brancos, hoje essa proporção caiu para seis entre 10 estudantes. Segundo o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2022elaborado pelo Instituto Semesp, a Lei de Cotas resultou em um aumento de alunos negros nas universidades: entre 2013 e 2020, a rede privada registrou um aumento de 1,4 ponto percentual e a rede pública de 2,3 pontos percentuais. “Se a gente pega a década de 1990, mais ou menos, a gente tinha menos de 30% de pretos e pardos matriculados em cursos de graduação. Hoje a gente tem quase metade de todo o ensino superior. Se a gente for para as universidades públicas, estaduais e federais, esse percentual sobre para 52%”, aponta Luiz Augusto Campos, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Entre as políticas de inclusão no ensino superior, a Lei de Cotas certamente foi a que teve um dos maiores impactos na mudança do perfil do estudante já em seu primeiro ano de implantação, em 2013. “Em 2012 a gente ainda tinha a universidade como um espaço elitizado, branco. Um espaço ainda exclusivamente voltado para um segmento da população”, afirma Debora Jeffrey, professora do Departamento de Políticas, Administração e Sistemas Educacionais (DEPASE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo a professora, a Lei de Cotas foi fundamental para essa mudança, mas é preciso ir além. “Temos a necessidade de se pensar uma politica nacional de ações afirmativas. Porque a Lei de Cotas é apenas a porta de entrada”, diz.

A diversidade na universidade contribui para a diversidade na ciência, incentivando a inovação e o desenvolvimento. Um grupo diversificado de pessoas trabalhando juntas pode apresentar mais ideias com diferentes pontos de vista, beneficiando a sociedade como um todo. “Essa entrada abriu o horizonte para novas discussões. Por exemplo a questão de gênero, a questão da violência contra a mulher, a questão da invisibilidade – só a diversidade traz para dentro da universidade. Isso vai ampliando os olhares, suscitando debates e, a partir disso, a sociedade começa a ter um outro olhar sobre si mesma”, explica Altaci Rubim, professora e pesquisadora do Instituto de Letras (IL) da Universidade de Brasília (UnB) e do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA/UEA). “A universidade ao abrir portas para a diversidade, todos ganham. Porque são olhares diferentes sobre o mesmo objeto”, termina.

 

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Blog Ciencia e Cultura

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