C&C 2E23 - podcast 1 - capa site

Ciência e segurança alimentar

Brasil sabe como debelar a fome – e ciência é fundamental para alcançar essa meta

 

Hoje, mais de 33 milhões de pessoas não têm o que comer diariamente no Brasil, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (REDE PENSSAN). O número é quase o dobro do estimado em 2020 e representa 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país. Nesse cenário, a ciência é fundamental para oferecer soluções – tanto sociais, como econômicas e até mesmo de produção. Esse é o tema discutido no último episódio do Ciência & Cultura Cast, o podcast da revista Ciência & Cultura, que nesta edição trata do tema “Ciência básica para o desenvolvimento sustentável”.

Apesar da pandemia ter contribuído significativamente para essa elevada alta que colocou o Brasil de volta ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) – de onde havia saído em 2014 – a fome não é consequência da covid-19. Segundo a economista Nathalie Beghin, integrante do colegiado de Gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a pandemia de covid-19 impactou e acirrou a situação de pobreza e fome, mas crise que vivemos é anterior a ela. Para a pesquisadora, os impactos do desmonte das políticas de segurança alimentar e nutricional são agravados pelos efeitos da forma de produzir e consumir alimentos no Brasil que apresentam graves consequências na saúde das pessoas, no meio ambiente e nas mudanças climáticas. “Precisamos mudar muito a forma como produzimos e consumimos alimento, porque o modelo atual – que é um modelo baseado na exportação de commodities – é um modelo que adoece a população. Ele contribui para aumentar o desmatamento, para expulsar do campo o agricultor familiar, que é quem produz o alimento básico, para desvirtuar hábitos alimentares culturalmente enraizados”, afirma.

Por outro lado, a boa notícia é que sabemos como fazer para enfrentar esta questão. “Conseguiremos sair com uma certa velocidade dessa situação porque a gente já sabe como fazer”, aponta Beghin. Segundo a pesquisadora, a fome é um problema multicausal decorrente da insuficiência de renda, da dificuldade de acessar alimentos de qualidade e em quantidades suficientes, e, de processos discriminatórios, como o racismo e o patriarcado, que penalizam mulheres, pessoas negras, povos indígenas, comunidades tradicionais e quilombolas, entre outras causas. Assim, o enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional requer uma abordagem sistêmica e multissetorial. “As instituições estão sendo reorganizadas e reestruturadas a partir de uma experiência que a gente já teve. Agora precisamos aperfeiçoar”, finaliza.

Ouça o episódio completo:

Blog Ciencia e Cultura

Blog Ciencia e Cultura

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe:

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Palavras-chaves
CATEGORIAS

Relacionados