O desequilíbrio de financiamento entre o Norte e o Sul prejudica os países pobres e retarda o desenvolvimento global, de acordo com relatório da ONU.
Um relatório recente da ONU e um debate durante a 78ª Assembleia Geral da ONU destacaram o persistente desequilíbrio no financiamento global para pesquisa e desenvolvimento (P&D), com a maioria dos recursos fluindo dos países do Norte global para o Sul global. Esse desequilíbrio está causando estagnação na saúde e educação e exacerbando a pobreza em nações menos desenvolvidas. Como resultado, as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030 estão sob ameaça, com mais de 50% delas mostrando progresso insuficiente e 30% estagnadas ou retrocedendo.
Durante a Assembleia Geral da ONU, especialistas enfatizaram a necessidade de uma mudança radical na estrutura financeira internacional para aumentar a atividade científica em países de baixa e média renda. O relatório da ONU discutido no evento revelou que 40% dos países em desenvolvimento enfrentam sérios problemas de dívida, com custos até oito vezes maiores do que os países desenvolvidos. Quase 3,3 bilhões de pessoas vivem em nações que gastam mais com serviço da dívida do que com saúde ou educação.
Um problema subjacente é a percepção de que a pesquisa realizada no Sul global é muitas vezes vista como “local” e aplicável apenas à sua região, enquanto a pesquisa do Norte global é considerada universal. Isso ocorre em parte porque as agendas de pesquisa são frequentemente definidas com base nos interesses das agências financeiras globais ou países mais desenvolvidos.
Especialistas apontam que a capacidade de financiamento sustentável está distribuída de forma desigual, e consórcios de cooperação internacional frequentemente não incentivam a formação de uma rede de atores capazes de utilizar o conhecimento científico em países periféricos. Isso resulta em conhecimento científico produzido nos países periféricos que não atende às necessidades locais ou é ignorado em questões estratégicas.
Apesar desses desafios, há exemplos de sucesso na América Latina, onde cientistas têm contribuído para o conhecimento global, mesmo com recursos limitados. A combinação de excelência e relevância, juntamente com o apoio estatal, pode permitir que países em desenvolvimento alcancem reconhecimento global em pesquisa.
O desequilíbrio no financiamento global para P&D está prejudicando o progresso em direção às metas de desenvolvimento sustentável. A transformação da estrutura financeira internacional e o reconhecimento da pesquisa produzida em países em desenvolvimento são essenciais para enfrentar esse desafio global.
Com informações de SciDev.Net