Temperaturas altas e secas observadas no sul de Angola e no norte do Brasil devem persistir
O El Niño que se manifestou durante 2023-24 atingiu seu ápice como um dos cinco mais fortes já registrados. Este fenômeno climático, embora esteja enfraquecendo gradualmente, continuará a exercer impactos sobre o clima global nos próximos meses, alimentando-se do calor retido pelos gases de efeito estufa provenientes das atividades humanas.
Conforme a Organização Meteorológica Mundial (OMM), temperaturas acima do normal são previstas em quase todas as áreas terrestres entre os meses de março e maio. Uma recente atualização da agência indica haver cerca de 60% de chance do El Niño persistir de março a maio, com 80% de probabilidade de condições neutras de abril a junho.
A possível transição para uma fase de neutralidade é “uma boa notícia”. No entanto, os impactos associados ao fenômeno continuarão a ser sentidos. Países como Angola e Brasil estão entre os que devem ser afetados. A região sul da África, países como Zimbábue, Botsuana, Namíbia e partes de Angola continuarão a enfrentar condições de precipitação menos abundantes que o normal. Além disso, a agência apontou a severa e persistente seca no norte do Brasil, na Amazônia, e em outros países do norte da América do Sul, atribuindo-a significativamente ao El Niño. No entanto, ressaltou que o fenômeno já não é o único fator contribuinte para tais efeitos nas regiões mencionadas.
A OMM alertou que a mudança climática está acelerando e desempenha um papel cada vez mais significativo em eventos climáticos extremos. O El Niño, um padrão climático natural que ocorre em média a cada dois a sete anos e dura normalmente de nove a 12 meses, é associado ao aquecimento da superfície do Oceano Pacífico tropical central e oriental, influenciando padrões climáticos e de tempestades em várias partes do mundo.
Impactos globais e recordes de temperatura
A OMM destacou que todos os meses desde junho de 2023 estabeleceram um novo recorde mensal de temperatura, e 2023 foi o ano mais quente já registrado. Apesar do El Niño ter contribuído para as temperaturas recordes, os gases de efeito estufa que retêm o calor são os principais responsáveis por esse cenário.
As temperaturas da superfície do oceano no Pacífico equatorial refletem o efeito do fenômeno, mas o aquecimento dos mares em outras partes do globo não pode ser explicado apenas pelo El Niño. A OMM observou que a temperatura da superfície do mar em janeiro de 2024 foi, de longe, a mais alta já registrada para esse mês. A continuidade do fenômeno, ainda que em uma fase mais fraca, e as temperaturas acima do normal na superfície do mar nos oceanos globais devem resultar em um calor acima da média em quase todas as áreas terrestres nos próximos três meses, influenciando os padrões regionais de chuva, conforme indicado por uma Atualização Climática Sazonal Global emitida pela OMM.
Com informações de ONU News