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Como a gastronomia amazônica ganha protagonismo na COP30

Na COP30, alimentação sustentável entra pela primeira vez na pauta oficial e promete transformar Belém em vitrine mundial da sociobiodiversidade.

 

Pela primeira vez na história das conferências climáticas da ONU, a alimentação sustentável será tema central da programação oficial. Na COP30, que acontece em novembro deste ano na capital paraense, a gastronomia amazônica será muito mais que uma atração regional: ela se tornará parte da solução global frente às mudanças climáticas e à insegurança alimentar.

Frutas como açaí e cupuaçu, além de peixes como o pirarucu — conhecido como o “bacalhau da Amazônia” — devem figurar com destaque em pratos servidos aos chefes de Estado, negociadores, pesquisadores e ativistas que estarão na cidade. Mas o que há por trás desses sabores é ainda mais importante: um modelo de produção sustentável, baseado no conhecimento tradicional e na força da agricultura familiar e da pesca artesanal.

Figura 1. Cupuaçu (Foto: Embrapa. Reprodução)

 

Sabores com propósito: da floresta ao prato

O anúncio de que ao menos 30% dos alimentos servidos durante a COP30 virão da agricultura familiar e de povos tradicionais marca uma virada no modo como os grandes eventos internacionais encaram a alimentação. A meta é movimentar mais de R$ 3 milhões na economia regional, valorizando produtores locais e promovendo práticas agroecológicas que respeitam a biodiversidade e os saberes ancestrais.


Figura 2. Agricultura familiar na Amazônia (Foto: Portal Amazônia. Reprodução)

 

A logística já existe: hoje, 45% da merenda escolar em Belém é fornecida por agricultores familiares. Estudo do Instituto Regenera aponta que a região tem capacidade para abastecer até metade da demanda alimentar da conferência. O desafio agora é escalar essa produção com apoio técnico, crédito e políticas públicas.

 

Mudanças climáticas e o prato do dia

A culinária amazônica, embora exuberante, não está imune aos efeitos das mudanças climáticas. A salinização dos rios, secas prolongadas e alterações no regime de chuvas já afetam a produção de açaí e a pesca do pirarucu em diversas comunidades. O manejo sustentável, aliado à ciência e à participação das populações locais, é fundamental para garantir a resiliência desses sistemas alimentares.

 

Do desperdício à circularidade: novas receitas para o futuro

Um dos espaços mais aguardados na COP30 é a AgriZone — a Casa da Agricultura Sustentável Brasileira — organizada pela Embrapa em parceria com o Governo do Pará. O espaço reúne soluções tecnológicas, produtos da sociobiodiversidade e experiências agroecológicas que respondem ao desafio de produzir alimentos com baixo impacto ambiental.

 

“A alimentação será, pela primeira vez, protagonista nas negociações do clima.”

 

Durante a conferência preparatória da ONU em Brasília, realizada em maio, o tema dos sistemas alimentares circulares ganhou força. Oficinas e painéis reuniram representantes de mais de 30 países para debater soluções como o combate ao desperdício de alimentos, o incentivo à compostagem e a promoção de cozinhas comunitárias.

 

Um cardápio para transformar o mundo

A COP30 quer marcar um novo capítulo nas negociações climáticas ao colocar a alimentação no centro das discussões. A proposta brasileira é clara: transformar sistemas alimentares não apenas para alimentar mais pessoas, mas para alimentar melhor — respeitando a floresta, os ciclos da natureza e as culturas locais.

 

“Comer local, comer tradicional e comer sustentável: esse é o recado da Amazônia ao mundo.”

 

Para isso, o governo aposta em programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), na nova cesta básica sem ultraprocessados e na Estratégia Alimenta Cidades, voltada para ações em periferias urbanas — onde a insegurança alimentar é mais severa.

 

Capa. Portal Amazônia. Reprodução

 

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