Os holandeses, na época Províncias Unidas dos Países Baixos do Norte, já comerciavam amigavelmente com os portugueses, estes trazendo mercadorias do Oriente, aqueles distribuindo-as na Europa. Mas a União Ibérica subverteu o quadro político entre a Holanda e a Península Ibérica, pois, desde 1579 a Holanda havia rompido unilateralmente com a Espanha. Esta era uma independência longamente almejada pela Holanda que, agora, aproveitando-se da União Ibérica, decidiu atacar o Brasil que se tornara território colonial da Espanha inimiga. Além disso, a Espanha vinha atuando na União Ibérica de modo a prejudicar os negócios da Holanda no Atlântico.
A produção de açúcar no Brasil, principalmente na Bahia e Pernambuco, há muito tempo suscitava cobiça nos piratas holandeses. Por isso a Holanda já tinha feito muitas tentativas, todas infrutíferas, para atacar e tomar Salvador em 1599, 1604 e 1624. Na última tentativa, os holandeses já tinham fundado a Companhia das Índias Ocidentais (CIO) em 1621, logo após o término de uma trégua celebrada entre Holanda e Espanha. A CIO era uma empresa patrocinada pelos Estados Gerais da Holanda, com a participação de investidores privados que objetivava a exploração comercial da América, mas extraoficialmente patrocinava a pirataria. Assim a CIO estava instituída engenhosamente como anteparo que juridicamente resguardava os Estados Gerais.
Para levantar fundos para um novo ataque, desta vez em Pernambuco, galeões espanhois carregados de metais preciosos, que vinham do Vice-Reino da Nova Espanha (México) foram saqueados por piratas holandeses em 1620, levantando os maiores lucros da história da pirataria.[1] Não tendo conseguido conquistar a capital do Brasil em 1624, em 1630 os holandeses conseguiram tomar Pernambuco, a partir de Olinda.