Descubra o legado e a importância de 25 cientistas brasileiras que desafiaram fronteiras e mudaram o cenário científico do país
Na história da ciência brasileira, as contribuições das mulheres muitas vezes passaram despercebidas, apesar de seu papel fundamental e impacto significativo. Apesar de todos os desafios e preconceitos, é cada vez mais marcante a importância da presença das mulheres na ciência. Elas venceram os mais variados obstáculos para deixarem sua marca e fazerem história, fazendo também a ciência avançar. Nesta matéria, destacamos 25 cientistas brasileiras cujas descobertas, pesquisas e inovações moldaram o cenário científico do país. De diferentes áreas e especialidades, essas mulheres pioneiras desafiaram barreiras, quebraram estereótipos e deixaram um legado no desenvolvimento da ciência no Brasil. Conheça as trajetórias dessas mulheres notáveis e descubra como suas contribuições continuam a impactar positivamente a ciência brasileira e a sociedade como um todo.
Berta Gleizer Ribeiro
Berta Gleizer Ribeiro, renomada antropóloga e etnóloga moldava-brasileira, deixou um legado marcante na preservação e valorização da cultura indígena no Brasil. Após se separar de seu marido, o antropólogo Darcy Ribeiro, ela se dedicou intensamente ao estudo e à defesa dos saberes e fazeres dos povos indígenas, tornando-se uma autoridade em cultura material. Sua atuação abrangente incluiu pesquisas de campo, organização de exposições, publicações acadêmicas e a formação de coleções em museus, contribuindo significativamente para a compreensão e valorização da rica diversidade cultural indígena brasileira.
Bertha Lutz
Cientista e bióloga especializada em anfíbios, filha de Adolfo Lutz (referência da zoologia médica no Brasil), foi a segunda mulher a fazer parte do serviço público do Brasil. Descobriu uma nova espécie de sapo e em 1919, se tornou pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Para além da ciência, participou da Conferência das Nações Unidas em São Francisco, em 1945, onde lutou para que a igualdade de gênero fosse incluída na Carta das Nações Unidas.
Carolina Bori
Carolina Martuscelli Bori é lembrada como uma figura proeminente na psicologia brasileira, deixando um legado significativo como pesquisadora na área de psicologia experimental. Comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico, professora emérita da Universidade de São Paulo e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ela foi uma das primeiras psicólogas brasileiras a se aventurar no campo, trazendo uma abordagem inovadora para a pesquisa psicológica no país. Além de seu trabalho acadêmico, Carolina dedicou-se à consolidação da Psicologia como ciência tanto na academia quanto na sociedade em geral.
Débora Diniz
Antropóloga, documentarista, especialista em bioética e professora licenciada da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB). Fundou o Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), que atua principalmente com os direitos reprodutivos das mulheres.
Débora Menezes
Professora titular do Departamento de Física da \Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tornou-se a primeira mulher eleita presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF). Suas pesquisas envolvem a área de física de hádrons, interface entre a física nuclear de baixas energias e a física de partículas elementares.
Elisa Frota Pessoa
Uma das primeiras mulheres a se formar em física no Brasil, destacando-se nos estudos sobre radioatividade. Uma das pioneiras na ciência no país, fundou o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, onde coordenou o Laboratório de Emulsões Nucleares.
Elza Furtado Gomide
Primeira doutora em matemática pela Universidade de São Paulo (USP). Foi eleita chefe do Departamento de Matemática da USP em 1968 e tornou-se militante pelas questões ligadas ao ensino.
Enedina Alves Marques
Primeira engenheira negra do Brasil, formou-se em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945. Foi professora, trabalhou como chefe em obras públicas e no desenvolvimento do Plano Hidrelétrico do Paraná.
Graziela Maciel Barroso
Naturalista e botânica brasileira, foi aprovada em segundo lugar no concurso de naturalista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro mesmo sem curso superior. Ingressou no curso de biologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) aos 47 anos e defendeu seu doutorado aos 60. Tornou-se a maior taxonomista de plantas no Brasil, tendo mais de 25 espécies batizadas em seu nome e sendo a única brasileira a receber a medalha internacional Millenium Botany Award.
Jaqueline Goes
Doutora em patologia humana e experimental pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a cientista e sua equipe identificaram os primeiros genomas do novo coronavírus apenas 48 horas depois da confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Desenvolve pesquisas na área de arboviroses emergentes em nível de pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (IMT/USP).
Jaqueline Mesquita
Jaqueline Godoy Mesquita, matemática brasileira renomada, é uma figura de destaque na área de equações diferenciais e equações diferenciais funcionais. Atualmente professora de matemática na Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), possui uma trajetória acadêmica impressionante. Com estágios de pós-doutoramento realizados na Universidade de Santiago do Chile e na USP em 2013, ela se consolidou como uma especialista em análise matemática, com foco em equações diferenciais funcionais, impulsivas e ordinárias generalizadas, além de equações dinâmicas em escalas temporais e análise funcional.
Johanna Döbereiner
Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner foi uma figura extraordinária na ciência brasileira, cujo trabalho pioneiro em biologia do solo teve um impacto profundo e duradouro no país. Döbereiner é reconhecida como a sétima cientista brasileira mais citada pela comunidade científica mundial e a primeira entre as mulheres, conforme um levantamento da Folha de S.Paulo em 1995. Suas pesquisas inovadoras foram fundamentais para o desenvolvimento do Programa Nacional do Álcool no Brasil, além de terem contribuído significativamente para tornar o país o segundo maior produtor mundial de soja. Seu trabalho com a fixação biológica do nitrogênio não apenas impulsionou a produção agrícola, mas também possibilitou que milhares de pessoas tivessem acesso a alimentos mais baratos e saudáveis.
Katemari Diogo Rosa
Professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora em Science Education pela Universidade de Columbia (EUA), suas pesquisas envolvem ensino de física e debates sobre gênero, sexualidade, raça e status socioeconômico no ensino das ciências. Integrante da Sociedade Brasileira de Física (SBF), também faz parte da National Organization of Gay and Lesbian Scientists and Technical Professionals e da Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os (ABPN).
Lelia Gonzalez
Pioneira nas ciências sociais no que se refere aos estudos sobre cultura negra no país. Doutora em antropologia, co-fundou o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro. Seu pensamento atravessa filosofia, candomblé e psicanálise, propondo uma visão afro-latino-americana do feminismo.
Maria José Deane
Médica parasitóloga, formou-se na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, em 1937, e viajou o Brasil estudando doenças causadas por parasitas. Foi chefe do departamento de protozoologia da Fiocruz e na década de 1980 e, mais tarde, vice-diretora da instituição. Suas pesquisas contribuíram para a erradicação de epidemias causadas por parasita.
Márcia Barbosa
Diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), integrante da Academia Mundial de Ciências, professora e pesquisadora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em estudos relacionados à água, em 2020, foi eleita pela Forbes uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil.
Margareth Dalcolmo
Médica pneumologista, é professora da PUC-Rio, pesquisadora da Fiocruz e presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Durante a pandemia, destacou-se em seu engajamento no combate as fake news e na divulgação de informações sobre cuidados e vacinação.
Maria Beatriz do Nascimento
Considerada uma das grandes pesquisadoras dos estudos étnicos sobre o negro no país. Historiadora e ativista dos direitos humanos, Sua obra mais conhecida é o documentário Ori, de 1989.
Mayana Zatz
Referência na área da pesquisa em genética humana, reconhecida mundialmente. Em 1981, fundou a Associação Brasileira de Distrofia Muscular.
Nadia Ayad
Formada em engenharia de materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), doutoranda em bioengenharia pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos e líder da Fundação Estudar. Recebeu o prêmio internacional Global Graphene Challenge Competition por criar um mecanismo sustentável que torna a água potável usando a dessalinização a partir do grafeno.
Simone Maia Evaristo
Bióloga formada pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, e especializada em Citologia Clínica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É presidente da Associação Nacional de Citotecnologia (Anacito) e supervisora na área de ensino técnico do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Sonia Guimarães
Primeira mulher negra doutora em física e também primeira mulher negra a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). É ativista na luta contra o racismo e a discriminação de gênero.
Thelma Krug
Matemática, professora e pesquisadora com atuação na área de mudanças climáticas. Pesquisadora aposentada do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e vice-presidente do sigla em inglês para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização da ONU Graduou-se e fez mestrado na Roosevelt University, nos Estados Unidos, concluindo o doutorado em estatística espacial pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra.
Vivian Miranda
Única brasileira a trabalhar em um projeto da Nasa para desenvolver um satélite avaliado em US$ 3,5 bilhões (R$ 16,74 bilhões). Graduada em física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é a primeira transexual a cursar pós-doutorado em astrofísica na Universidade do Arizona (EUA), onde também é pesquisadora.
Viviane dos Santos
Desenvolveu um produto catalisador que reduz emissão de gases poluentes, recebendo premiação máxima em 2010 em uma conferência na Finlândia, onde concorreu com 800 pesquisadores. Estudou bioquímica e engenharia química na Delft University of Technology.