Série de entrevistas da revista Ciência & Cultura destaca trabalho de pesquisadoras e incentiva a igualdade de gênero na ciência brasileira
Hoje, o Brasil vive uma realidade demográfica marcante: as mulheres representam a maioria da população há 27 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, quando se trata de ciência, a igualdade continua distante. Embora elas constituam 49% dos bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uma análise mais detalhada revela desafios persistentes na pesquisa nacional. O CNPq indica que 59% das bolsas de iniciação científica são concedidas a pesquisadoras, mas essa porcentagem cai para 35,5% nas bolsas de produtividade, as mais prestigiadas e financiadas. No grupo de bolsas 1A, destinadas a pesquisadores seniores, apenas 24,6% são concedidas a cientistas mulheres. Além disso, um relatório realizado pela British Council em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) em 2022 mostra que, na América Latina e Caribe, 46% dos pesquisadores são mulheres, indicando uma disparidade significativa.
A divulgação científica desempenha um papel crucial na mudança desse cenário. Ao contar as histórias de vida e as pesquisas das mulheres cientistas, esses canais não só aumentam a visibilidade, mas também desconstroem estereótipos e mitos, inspirando outras meninas e mulheres a se envolverem na produção de conhecimento. Promover o protagonismo feminino na ciência, tecnologia e inovação em todos os campos de conhecimento pode impactar positivamente a opinião pública e incentivar políticas públicas que promovam a igualdade de gênero.
Em resposta a essa necessidade, a revista Ciência & Cultura lançou a iniciativa “Mulheres na Ciência”, entrevistando mensalmente uma cientista de renome nacional de diferentes áreas do conhecimento. Ações como esta buscam inspirar e engajar a sociedade nas questões de gênero na ciência, aumentando a consciência sobre a importância da igualdade e favorecendo políticas públicas que garantam esse direito. A visibilidade e o reconhecimento das cientistas não só valorizam suas contribuições, mas também abrem caminho para uma sociedade mais justa e inclusiva, onde o talento e a competência são os únicos critérios de avaliação.
Confira algumas das entrevistas!
“Não podemos ficar ao sabor de governos que consideram o ensino superior como prioridade ou não”
Entrevista com Eliane Superti, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
“Precisamos de uma abordagem que enfrente também as hierarquias de conhecimento”
Entrevista com Suzane de Alencar Vieira, professora do programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás (UFG).
“A construção do conhecimento científico depende de interações”
Entrevista com Marie-Anne Van Sluys, professora do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP).
“A ciência é sempre uma ação coletiva”
Entrevista com a historiadora Lorelai Kury, pesquisadora e professora da Fiocruz.
“Não consigo pensar política pública tratando de recursos hídricos sem incluir todo mundo”
Entrevista com Suzana Maria Gico Lima Montenegro, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro).
Entrevista com Jaqueline Godoy Mesquita, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).
“Nós temos lacunas enormes, tanto no ensino fundamental quanto no médio”
Entrevista com a educadora Bernardete Angelina Gatti, pesquisadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas.
Entrevista com a astrofísica brasileira Thaisa Storchi Bergmann, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Entrevista com Luma Nogueira de Andrade, diretora do Instituto de Humanidades e Letras da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).
“Precisamos de medidas emergenciais para salvaguardar todas as línguas indígenas”
Entrevista com Altaci Rubim, professora da Universidade de Brasília (UnB) e representante da América Latina e do Caribe na Década Internacional das Línguas Indígenas da Unesco.
“Se a pesquisa científica quiser se manter relevante, ela precisa romper com o antropocentrismo”
Entrevista com Elizabeth Macedo, professora do Centro de Educação e Humanidades da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Entrevista com Debora Foguel, professora do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora de Educação da Rede Nacional de Ciência para a Educação (Rede CpE).
Entrevista com a química e ativista Anita Canavarro Benite, professora do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (UFG).
“Avançamos muito. Mas há ainda trabalho pela frente”
Entrevista com Luisa Massarani, coordenadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia e coordenadora para América Latina de SciDev.Net.
“A imensa biodiversidade brasileira é um laboratório incrível para realizar pesquisa de vanguarda”
Entrevista com Vanderlan Bolzani, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro do Conselho da SBPC.